terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Novo (re)começo

Que o fio invisível que nos une uns aos outros se torne mais denso e inquebrável, capaz de curar os arranhões do corpo e da alma!

Peço para 2016 o que de mais rico se pode ter: saúde, amor e paz ( a do mundo e a individual).


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

D & D

Lembrem-se:
Saudade define certezas...


A solidão de um homem

Ontem, por razões que não interessam aqui, fiz uma visita às urgências do hospital.

Entre tantos rostos sofridos e corações apertados pela dor e incerteza sobre as razões porque estavam ali todas aquelas pessoas, destacou-se um rosto.

Andava por ali, misturava-se na multidão de uma sala de espera de um hospital.
Caminhava encolhido, não sei se pelo frio, se pelo peso da idade.

Ar simpático, educado, limpo, no seu canto, limitava-se a observar.

Nos olhos dele consegui ler que fora uma pessoa feliz, outrora.
Que aceitava a condição dele.
Que talvez até tivesse família, mas naquele momento estava sozinho.
Naquele e em todos os momentos, julgo.

Em certa altura levantou-se da cadeira que me pareceu ser bem conhecida dele...levou a mão ao bolso, restavam-lhe poucas moedas, espalhadas numa mão envelhecida...

Da máquina de café, tirou uma bebida quente. Tenho a certeza que não chegou para lhe aquecer a alma.

Voltou à cadeira, ao seu canto e olhei melhor, ao lado dele, mas escondido para não incomodar ninguém, como pessoa educada que me pareceu ser, estava um saco, lá dentro os poucos tesouros de uma vida e um cobertor. Eu sei que lhe pertencia o pouco daquilo.

Levantei os olhos para olhar melhor esta pessoa, cujos olhos sorriam, educada, sem que ninguém reparasse nela.
Ele percebeu que eu percebi o que ele ali fazia.

Numa noite muito fria.
Ali, ele encontrou o calor de gente que não conhecia e uma sala que o protegesse da noite de inverno, uma das muitas que têm ainda pela frente. 

As barbas grisalhas sei que não foi opção, foi necessidade perante as circunstâncias da sua vida.
Naquela noite ele escolheu estar ali, ao contrário de todos os outros que ali estavam, ele sentia-se feliz dentro da felicidade que é ter um canto quente e alguma companhia, mesmo que seja de desconhecidos.

Ele percebeu que eu percebi o que ele fazia ali.
Fiquei em silêncio e ele também.



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Minha avó!

Este será o primeiro Natal sem ti.
Já ando a pensar nisto há algum tempo e não sei como não lembrar.

Aos poucos o Natal vai ficando mais vazio.
Fazes-me falta e só me apercebi do espaço que ocupas no meu lado esquerdo, quando nos deixaste.

Este será então o primeiro Natal sem ti desde que a este mundo vim.
Vamos ter ceia farta, alguns presentes, família reunida e sorrisos açucarados...

Mas sabes? Em todos estes sorrisos haverá pelo menos um guardado para ti, quando me recordar o quanto faz bem ser o bem de alguém, e que eu fui, tenho a certeza, um dos teus bens.

Espero que me perdoes por tanto que te digo, agora que já não estás aqui...



Porquê?

Porque tenho aquela vontade de viver e de vos viver, mesmo que já tenha morrido um pouco ou muito, aqui e ali, pelo caminho da vida.

Porque amar também é estar preparado para dividir o que dói, mesmo que a dor dos silêncios seja monstruosa.

Porque sou forte (um bocadinho) para gestos de gentileza e ternura que somente os fortes possuem.
Dia após dia, dor após dor.

Porque o tempo e as dores do coração me ensinaram que, guardar mágoas, só ocupa espaço no nosso interior. É por isso que o peito anda apertadinho.

Porque o que decidi para mim, há muito, muito tempo, passa por dividir cada pedaço da minha vida inteira. 


Porque sou demasiado pequena para angústias tamanhas e silêncios que me gritam e me desesperam.

Porque, mesmo calada, o meu coração tudo vê, tudo sente e tudo envolve.

Porque um homem sem amor não vive, sobrevive.

Porque sim e porque não.

Nunca baixo os braços, nunca desisto embora os caminhos fáceis se apresentem diante de mim...

Porque busco o que é simples: estar em paz, a maior conquista que podemos ter, e ser feliz, não com o que tenho, mas com o que sou por vos ter...


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A ti, tudo de mim!

"...A te regarder
danser et sourire
Et à t'ecouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L' ómbre de ton ombre
L' ombre de ta main..."

Há silêncios necessários que se devem fazer a dois, porque nem todos os silêncios são solidão.
(Clicar aqui)




Ventricular contractions...

Unir todas as contas da esperança em volta do meu coração e deixa-lo escutar o barulho dos dias bons e acalmar o seu batimento.

Acreditar que somos todos heróis e heroínas, por fazer do mundo do outro, um lugar melhor.

E tu?
Já foste herói ou heroína hoje?



segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Encanto

Há silêncios que são gritos.
Apertos que são sufoco.

Já não serve a armadura.
Já não serve o colo onde se descansa da guerra do mundo.

O momento em que se perdem as forças para amparar as quedas, as minhas e a de todos os que amo nesta vida.
Pedaços vão caindo, perdendo-se por aqui e por ali...sei que a vida não espera que eu concerte o que está partido, por isso vou ignorando o que enfraquece a fé, a esperança. 

Sinto e não sinto.
O coração agita-se, o peito aperta-se para segurar este desconcertante sentido.

É do mundo? São as pessoas? É este respirar triste dos dias?
Talvez, não sei.
Mas apetece fugir para dentro dos sonhos e lavar a mente da turbulência que aqui se instala, devagarinho, sem me pedir licença.

Há dias em que me revolto em segredo.
E depois há os dias que me acalentam a alma.
Nela ninguém manda. Só fica onde se encanta...talvez seja por isso que eu teimo.
Sim, é por isso, por este eterno encanto...nascemos para amar.





quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Uma vida/Mil lições - Parte V

Esta é difícil...
Normalmente falo para mim própria só para me chamar nomes...


Vejam as outras lições aqui.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Tantas vezes...

Muito haveria a dizer sobre isto, mas está tudo aqui...
E não é vergonha alguma assumir as nossas fragilidades...sinto-me.


segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Desculpa-me...

A tua mãozinha pequenina ainda cabia na minha.
Dizias que verias sempre em mim a tua melhor amiga e que me darias a tua mão para eu a apertar dentro da minha e sairíamos de mãos dadas por aí...
-Não percebo porque as filhas crescem e deixam de querer dar as mãos às mães, dizias.

A tua mãozinha, outrora pequenina, já não cabe na minha, mas ela contínua aberta para a tua, para sairmos por aí, juntas de mãos dadas, como fazem os namorados ou as melhores amigas... 

Saltavas em redor de mim, de sorriso gigante e genuíno, o mesmo que ainda tens.
O teu peito arfava com toda a energia que pulsava dentro de ti.

Hoje, ausculto os teus pensamentos, sempre acelerados.
Cabem em ti tantos sonhos, e ainda bem.
Concretiza-os e faz nascer outros.

Lembra-te sempre que tudo o que conquistas, é por ti, não por nós ou por outros. Só por ti.
O caminho é teu.
És tu que decides o amanhã que queres, e as escolhas que julgas serem as mais acertadas, para continuares a ser feliz.

Posso até ser a bengala de apoio, mas nunca a razão das tuas decisões. 

A tua mãozinha, outrora pequenina, já não cabe na minha, é certo.
Mas ela está aqui. São duas e estão presas a dois braços, os braços dos teus primeiros abraços.

Não quero que te sintas encolhida dentro delas, porque tu és muito mais do que aquilo que deixas as minhas mãos alcançarem ou os meus braços abarcarem.

Desculpa-me, se este meu amor por ti, sufoca, em algumas partes, a tua liberdade.
Desculpa-me os gritos, as críticas e as exigências.
Desculpa-me se, em alguma parte do meu caminho como mãe, te magoou com o azedume da vida.

Quero-te doce e feliz.
Desculpa-me por tanto amor...mas é o meu melhor presente.



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Bater o couro??

Sabes que estás velha quando o corpo te lembra todos os dias cada ossinho que te sustenta, ou quando a tua filha te pergunta, a meio de uma conversa (muito interessante, por acaso) se sabes o que significa "bater o couro"... como? desculpa?

Serei assim tão cota aos olhos dela, que pense que aqui a mãe, fresquinha e a quem algumas (espetaculares) pessoas não a colocam sequer nos entas (quando já passaste efetivamente em mais três algarismos)?

Serei, assim, de uma geração jurássica, que não conheça alguns conceitos menos suaves?

Bom, na verdade os anos pesam.
O que antes uma sexta-feira significava  isto


Num momento que não distingo quando ou onde, passou a significar outra coisa


Em breve vai juntar-se mais um algarismo à conta.
Espero que as forças não me falhem, porque algumas noites valem a pena serem curtidas!

(Esta última frase foi só para fingir que me aguento à bronca nas noitadas que ela tenciona fazer,e fará).
Afinal a mãe está fresquinha, com os seus 30 anos!

E sim, sei perfeitamente o significado de "bater o couro"...
Aguenta-te Bem Que Me Quer!

Adenda ao ultimo post!

Ainda sobre o texto de ontem e para quem pergunta:

Não, naquela foto não são eles...ainda que parecidos!


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Saudade...

Se pudesse secava esse sentimento que carregas no peito 
Esta é mais uma, de entre tantas outras dores, que não posso arrancar de ti

Mas, se te dissesse que esse aperto de que te queixas, é igualmente meu e a dobrar, acreditarias?
Consolar-te-ia ao menos?

Esse sentimento vai habitar sempre dentro de ti e sabes porquê?
Porque o amor, na sua plenitude, desarma-nos completamente
Lamentar a ausência mesmo antes da partida...
E ainda assim, amamos por tudo aquilo que o outro nos dá a sentir

Mas não contes os dias...vive-os...
Não te agarres apenas aos momentos, agarra-te à vida e aos momentos que a fazem valer a pena

Lembra-te que as dores da vida fazem-nos pessoas mais fortes, ainda que senti-las nos faça pensar que somos frágeis e pequeninos
Sentimos-nos perdidos

A saudade que carregas pode pesar, mas ela é sinal de paixão
E meu amorzinho, acredito que é mútuo, mas isso tu sabes e se não sabes
O D dir-te-à do modo que ele sabe (certo?)

Se eu pudesse...
Se eu pudesse serias a menina mais feliz de sempre!

(D és um sortudo por este amor!)


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Tão triste...sem perdão

Como se perde a chama do amor?
Como se perde a linha que nos une uns aos outros enquanto humanidade?
Como se deixa de acreditar nos colos da vida?

Só falo de amor, sim e então?
Vejo a televisão, não há amor só guerra
Ouço a rádio, desligo-me do que lá dizem, não quero ouvir
Leio os jornais e desvio o olhar, recuso-me a alimentar mais as notícias que fazem dinheiro à custa do sofrimento do outro

Depressa perdemos tudo, não somos nada
Sobrevive-se à dor de ver partir abrutamente alguém
Esse alguém que estava no sítio errado, à hora errada, se é que há lugares certos e horas perfeitas nesta passagem...
Quem fica, quem lhe foi permitido ficar,
Chora a perda. No coração a cicatriz para sempre
Não há palavras, nem anestesias que possam alguma vez adormecer o que se sente numa guerra

Diz-se por aí que para esquecer é necessário deixar correr o coração, na esperança dele se cansar...
Pois eu acho que nunca mais se esquece
É demasiado doloroso para ser possível sarar a ferida, nesta vida pelo menos.

Que raio de mundo é este que iremos deixar como legado aos nossos filhos?
Estou triste, tão, mas tão triste...sem conseguir perdoar.




sábado, 14 de novembro de 2015

domingo, 8 de novembro de 2015

Não sei

Havia sempre um bolo, velas para tu soprares.
Havia sempre corações felizes por Deus nos dar aquele privilégio, o deixar-te ficar para ficares connosco.

Sabíamos que te enchia o coração aquele momento, embora ele (o coração) estivesse vazio, vazio com a vida, com os dias, culpa das dores, da doença. 

Sopravas as velas, ouvias as palmas e sei que, em silêncio, pedias para partir.
Pediste tanto que Deus resolveu ceder.

Doía-me muito adivinhar o teu pensamento ali, seria egoísmo meu até, querer-te aqui comigo, sempre, mesmo que a ti não me dedicasse o suficiente. Era egoísmo!

Hoje, não há bolo, nem velas para apagares. Não há palmas.
O peso no peito contínua, não me perdoo, não consigo, não sei.

Onde quer que estejas, perdoa-me minha avó. Perdoa-me por não entender o teu silêncio.
Hoje é o teu dia de anos e tenho tantas saudades tuas...


   

terça-feira, 3 de novembro de 2015

O mesmo sonho, todos os dias

Um coração sem sonhos é como um pássaro sem penas...e o peso que muitas vezes sentimos nas costas, pode muito bem ser as nossas asas paradas...sonhar é perder o chão no bom sentido...

Eu tive um sonho há muito, muito tempo...e quando se tornou real, quando decidi correr o risco de o viver, passeio-o a sonhar novamente, todos os dias para que nunca desistisse dele...sonhar alimenta-me a fé e ninguém pode sonhar por mim..

Desiste-se facilmente do que é fácil.
O difícil é o que nos faz mover, ir atrás, sôfregos pela concretização de sonhos.  


terça-feira, 27 de outubro de 2015

O meu amor rendido a ti

Não quero ocupar todo o espaço do teu coração, nem todos os recantos dos teus pensamentos.
Não tenciono que me tragas sempre como exemplo, pois estou longe de o ser, para ti e para outros. 
Não almejo que te lembres, em todos os minutos, de mim.

Tens as asas para voar, a força para voos altos e a coragem para saber que nessa liberdade de voar pelo mundo, existem tormentos, ventos que sopram contra os sonhos, a favor de tudo do qual tento proteger-te e alertar-te.

Leva-me sempre no coração, sim, mas sem peso, sem que, o que quer que faças dos teus dias, seja para agradar, quer a mim, quer a outros. Dá o teu melhor, sim, mas por ti. 

Traz-me sempre na tua memória, sem que o percebas sequer...quero estar lá, subtilmente, de forma que procures a minha existência, como a amiga que sempre serei para ti.
Quero estar lá, mas sem que te pese. Quero estar lá, mas de uma forma leve.

Procura-me na tua vida, na nossa, não apenas para te dar tudo o que queres, mas, simplesmente, para me pedires colo, e eu mesmo velhinha, suportarei eternamente, o peso da tua dor nas minhas pernas e os meus braços serão o calor dos dias mais tristes e aí, aí terei de aprender a esperar, até que tenhas nos teus lábios as palavras que te apertam e que consegues soltar para mim.

Recorda-me. Eu estou aqui, de braços abertos.
Vês-me assim? 

Sabes que não amei ninguém como te amo a ti ou tenciono alguma vez amar?
É assim o amor da tua mãe. 
É puro, genuíno. rendido, sem esperar troca.
Esperar apenas a lembrança de que está ali, só para ti, é teu.






Sem título


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sou saudade

Recordo o teu ar sério quando olhavas os netos e pensavas no futuro.
Recordo o teu sorriso, a tua alegria e o teu coração cheio quando olhavas para a minha menina.
Recordo como ficavas orgulhoso por ela ter herdado de ti o jeito para o desenho.

Lembro o dia em que me despedi sabendo que era o momento.
Lembro o teu esforço enorme para aceitares as colheres de sopa que eu te dei naquela noite, a última juntos.

Hoje seria o teu aniversário. 
Corrijo, hoje é o teu aniversário!

Um abraço. Um abraço que colocasse no sítio os bocadinhos que se soltaram na tua partida. 
Um abraço: é um abraço destes que me falta. O teu.

Tenho o coração cheio de saudades tuas, tantas que não cabem.
Sou saudade.




sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Por vocês...

Acordo e sinto-me exausta.
Pergunto ao cérebro porque raios tem de pensar tanto durante a noite. Porque razão não dá descanso ao coração.

Acordo e todos os pensamentos e dores estão bem acordados, desde o dia anterior.
Molho a cara, inspiro o novo dia, abro as janelas e deixo entrar o nascer do sol. Tão bom.

Sinto que tenho de parar, mas não sei.
Sinto que tenho de aliviar o coração, mas não sei.
Sinto que a energia falta, mas vou busca-la a vocês, vocês que fazem da casa um lar.

Ando assim, meio perdida nas rotinas, meio encontrada nelas. A correr, em maratona.
A gestão de todas as alegrias, medos e dores da casa é minha, porque sim, porque não sei ser de outra forma.
O melhor de mim é vosso, o pior, eu guardo para em outro dia me recordar que existiu e passou. 

Não me queixo, gostava apenas que não me faltassem as forças agora e nunca. 
Nunca desistir.
Será pedir muito?
A força vem de ti e de ti, principalmente.

Engulo todas as dores vossas e esqueço as minhas, só para que possa, a cada manhã, ver-vos sorrir quando abrirem os olhos...


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Eu sei

Tu sabes que eu sei sobre os teus medos, os teus sonhos, os teus segredos.
Alguns, pelo menos.
Outros não deixas, ou para provares que és capaz ou por medo que te julgue.
Porém, contínuo com a teimosa tentação de te questionar sobre eles.

Eu sei que tu sabes que eu sei mais do que às vezes te interrogo.
Muitas vezes já conheço a resposta. Brotaste de mim.

Cresces e tentas mostrar-me isso mesmo, a todo o custo.
Resta saber se, nesse teu percurso em que aprendes a ser adulta (porque ainda te falta muito para o seres realmente), contínuas a adorar os meus abraços, se também eles acalmam o teu mundo, agora que tens mais dois braços que o fazem, certamente.

Tu sabes, mas eu não sei se os meus beijinhos ainda são imprescindíveis para adormeceres, se o meu colo contínua a ser o teu porto de abrigo, o colo protector.

O meu amor por ti é perfeito, com todas as imperfeições necessárias e que fazem o que somos.

Eu não sei se tu sabes, mas sou para ti a água, o sol, as estrelas, as estações, as dores, as alegrias e tudo o que te liga à vida. 
Sou o abraço, sou o beijinho na ferida, sou o socorro.
Sou a bengala dos teus sonhos, sou o entendimento quando sentes a injustiça, sou o ombro sempre disponível, sou o sorriso do teu sorriso, sou a ouvinte da tua voz, e mesmo que não fales, eu escuto... 

Tu sabes que eu sei que tu sabes tudo isto, mesmo que teimes em mostrar que és grande em tamanho, embora para mim, sejas sempre a minha menina pequenina.

Tu sabes?
Eu sei.


Capazes!

Há dias nublados.
A vista anda turva, os olhos não vêem, a cérebro desliga, o coração mirra.
Há dias assim, tristes.

Achamos que estamos sozinhos no mundo, somos incompreendidos, ou é a nossa dor.  
O caminho parece cheio de pedras. 

É urgente despir a pele de vítima e assumir a personagem que somos na vida real. Imperfeitas, mas capazes.
Capazes de perdoar infinitamente.

Se é desgastante? Corrosivo?
Muito, mas lembram-se?
Somos capazes.

"Se lhe parece que alguém é culpado em relação a você, esqueça e perdoe. Não temos o direito de punir. E você vai compreender a felicidade de perdoar."
(Liev Tolstói, in Guerra e Paz)



sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Morreste alguma vez?

É isto.
Tão bom, tão direto e tão verdade.
Porque é possível apaixonarmos-nos todos os dias pela mesma pessoa.
Eu sei, acreditem!

"A vida vale pelos momentos em que foges dela. Pelos momentos em que consegues, durante alguns segundos ou alguns minutos ou algumas horas, evadir-te dela – para um limbo onde não estás morto mas onde não deixas de estar morto. Morto de prazer, morto de adrenalina, morto de medo, morto de ansiedade.
Morto de vida.
O melhor da vida são as mortes que ela te oferece.
Se não morreste nenhuma vez: então estás morto".
(in 'In sexus veritas'
de Pedro Chagas Freitas)


terça-feira, 29 de setembro de 2015

Olhem para cima e confiem

D, das tuas conquistas, sinto um imenso orgulho.
Das tuas derrotas, sinto-as como se fossem minhas.

Estás a aprender sobre o tempo, sobre as emoções, sobre isto do amor.
Sente-o da forma que sabes e, nesse caminho sem fim, porque é suposto ser assim, sem intervalos e sem final, nunca te esqueças dos teus sonhos, dos teus planos e de que nada é impossível, quando o coração está feliz.

Esse teu querer é tal, que, por bocadinhos, me assusta.
Calma, aprende a querer devagar. 

E quando a vida te doer, porque vai doer por uma ou outra razão, busca no teu espírito otimista, o conforto do colo que sempre existirá...aqui.

Porque és parte de mim, mas maior do que eu.
Existes para lá de mim. E ainda bem.
És linda.


D, chegaste e os olhos dela ficaram ainda maiores.


Fazes-lhe bem. Ela faz-te bem.
Também os teus olhos brilham.
Num momento, num olhar, o coração sintonizou a mesma frequência que o outro.
Estou aqui a pensar que vais dizer - destino.
É assim, duas pessoas que se acertam uma para a outra.
A música começou, com pressa, sôfrega pela presença, pelas palavras, pelos gestos, pelos dias do amanhã. 
Amar é sentir deliciosamente a condição do outro, não é?

O muito que se querem pode ser a diferença.

O início é ansioso e repleto de descobertas e adrenalina. 
E depois, depois é aprender sobre a arte de olhar no rosto um do outro e encontrar o espelho dos vossos sonhos e fazer de cada momento, recordações únicas.

Não duvidem, mesmo que o mundo conspire o contrário.

Com os pés assentes na terra, olhem para cima e confiem.



sexta-feira, 25 de setembro de 2015

É amor (?)

Li por aí, e lembrei-me de vocês ...D e D!

“Não foi planeado, nem premeditado. Foi só um querer estar perto e cuidar, tomar todas as dores e lágrimas como se fossem suas. Não foi apenas um lance de corpo, foi um lance de alma. Não foi o jeito de escrever, ou de se vestir. Foram as palavras. Uma saudade e uma urgência daquilo que nunca se teve, mas era como se já tivesse tido antes. Foi amor. É amor.”




Vivo no teu...

Olho-te. Nem sempre vês.
Sinto em dobro o que tu sentes.
Fechas o peito, mas esqueces-te que estou no teu coração e por isso, só por isso, compreendo os teus medos, as tuas dúvidas, as tuas vontades, o teu querer.

Falo-te. Nem sempre ouves.
São os teus gestos, as tuas palavras.
São os teus olhos perdidos num lugar que não este. Num lugar que eu conheço, porque o sinto contigo. Estou dentro do teu coração, lembras-te?

Toco-te. Nem sempre sentes.
Abraço-te e cheiro o teu cheiro, único.
É noite. Dormes um sono, ora leve ora agitado.
Não entro nos teus sonhos sempre, mas estou neles, sonho-os contigo.

Vivo-te. Sei que também me vives.
Guardas-te, aí dentro, no teu peito e eu sei tanto do que lá vai dentro.
Tão iguais e tão diferentes, assim somos nós, mãe e filha. 

Sentes comigo as maravilhas da vida e a revolta pelos dias injustos?

Quero-te.
Assim, feliz, sorriso grande, alma cheia e plena nas tuas escolhas.
Das-te com sentimento, intensa e verdadeira.
Ensinei-te isso, mas também o quanto é importante a esperança, a confiança e a responsabilidade dos teus atos, das tuas escolhas. 

Dedico-me. Dedicas-te mais?
Aprecia a viagem, é louca e ávida de descobertas, como tu.

Para ti, o melhor de mim.
Para mim, a tua felicidade.

Vives no meu coração.
Eu vivo no teu. 






quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Engolir o mundo

Tu, que tens em ti a confusão e a força da tempestade
Tu, que tens em ti a maresia e a calma da maré baixa
Tu, que trazes felicidade, sorrisos e ainda assim, lágrimas e mágoa
Tu, que és bebé de mimo e velho sem paciência

Tu! É contigo que falo!
Não engulas o mundo.

Tens em ti toda a dor, revolta, injustiça, raiva e guerra.
Esqueces-te tantas vezes de alimentar o "lobo bom".
Esqueces-te o quanto este é poderoso.
Esqueces-te, ou então escolhes o caminho mais fácil, o lado escuro.
Sente-se no teu olhar.
Tu não vês.

E engoles o mundo outra vez.
Tens em ti todo o amor por quem te cerca.
Tens em ti a felicidade e a responsabilidade do exemplo.
Tens em ti tanto de bom. 
Tens em ti todas as virtudes.   

E engoles o mundo outra vez.
Transformas-te na outra pessoa que és, dura nas palavras, brusca nos gestos.
Engoles o mundo, cegas com a revolta, não ouves a música que toca nos corações.

Tu, que engoles os dois lados do mundo, pensa na montanha russa que é estar atenta aos sinais.
Ora ofereces uma viagem segura, ora ofereces uma viagem sem cinto de segurança, sem chão, sem céu, sem paz.

Não engulas o mundo.
Não cedas.
Respira-o, vive-o, sente-o e apazigua-o como sabes fazer. 




terça-feira, 15 de setembro de 2015

A vocês D e D

Aos 43 anos já devia de saber que a vida nos surpreende a cada dia e nos dá lições em cada hora que por nós passa.
Com esta idade já devia ter aprendido que nisto, das coisas do coração, não há regras nem razão que possamos seguir como certa.

O que vem aí agora perguntam-se?
Uma novidade que pode não ter assim tanta importância para o mundo. Podem pensar assim, não censuro, aliás, nesta viagem que é ter um blog, sei que sou alvo de muitas opiniões ...guardo apenas o que me acrescenta, o que me alimenta os dias.

Quem me conhece, quem conhece os meus sabe de cor do que falo.
Conhece o meu cantinho de amor, conhece o quanto eu acredito na voz do coração sobre todas as outras vozes. E são tantas.

Aqui vai então mais um pedacinho do que sou e que tento passar à minha menina...é dela que fala este texto, é a ela, a "eles" que o dedico.

Para mim o amor pode ter a mesma intensidade aos 10, 20 ...40 anos e por aí fora.
Não crítico as paixões e muito menos o amor (porque há diferenças) em nenhum momento da vida de cada um.
Sentir, sentir-se é como o ar que respiramos, e se nos torna pessoas mais felizes, mais completas, não há que menosprezar só porque ainda se é demasiado novo para entender as coisas do amor e as dificuldades que ele oferece e que temos de aprender, com mais ou menos dor, a ultrapassar, sim porque o amor dói, mas é tão bom que esquecemos as feridas.

O meu amorzinho está feliz. Tem o coração cheio, as borboletas na barriga. Encontrou o amor, o verdadeiro, sim, eu sei que é. Sinto.

Está feliz, porque é um amor correspondido. Está feliz porque o amor que escolheu (ou foi o amor que a escolheu a ela ?) a completa, acrescenta, ensina, acalma e lhe dá um sorriso do tamanho do mundo.

Gosto de tudo nesta história, da amizade de algum tempo, da aproximação e da ligação que criaram.. São amigos, são adultos o suficiente e acreditam no amor, conhecem o respeito, o que para mim vale toda a ajuda que puder dar, toda a ajuda que aceitarem ter.

Vão vir zangas, vão vir ciúmes, vão vir muitas saudades e coração apertado por não conseguirem estar juntos 24 horas. Mas tudo se esquece no reencontro, no abraço.

Quero que saibam que acredito em vocês e que, como mãe e "sogrinha" (adoro a promoção), tenho orgulho no que estão a construir. É um percurso, longo, mas que vale a felicidade de o fazerem juntos.
Se querem muito, se se querem muito, alimentem esta ligação que criaram.

A vocês D e D.


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Voltei!!!

Pois é, as férias chegaram ao fim.
Nestes dias de boa vida respirei campo, mar e muitas alegrias, algumas novidades...

Deixem-me mentalizar que regressei à rotina e que o verão já começou a dar as suas despedidas.
Deixem-me organizar as muitas palavras que tenho para lerem neste cantinho do qual, confesso, já tinha algumas saudades.

Depois, quando cair em mim, quando encaixar mentalmente estas três últimas semanas, conseguirei dar-vos um texto como deve ser.


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Mood...

Por estes dias, este pedacinho vai estar assim, em descanso.
No regresso conto ter muitas palavras para partilhar!!!


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O amor na arte

Admiração é o que sinto quando deparo com pessoas que transpõem o amor para a arte.

Podem estar felizes ou tristes com a vida, podem julgar-se menos que outras só porque não conseguem um lugar na cadeira de um escritório ou num outro sítio qualquer a que possam chamar de emprego. 

Admiro-as porque não desistem. Trabalham a imaginação como poucos.
Descobrem no tempo vazio muitas formas de aconchegar a sua revolta com o mundo, que teima em não lhes dar uma oportunidade...

Parabéns a quem dedico este texto.
Conheço-as, mas quem quiser pode juntar-se que eu divulgo se couberem dentro desta caixinha de pessoas muito especiais.

Ponto a Ponto

Tribal de Cristal (facebook)
Tribal de Cristal

Mulher de Gengibre

Palmas para estas três meninas, elas merecem!
Eu pelo menos fico pasmada com tamanha habilidade, paciência e amor que colocam em tudo o que fazem!



terça-feira, 11 de agosto de 2015

E ainda só passaram umas horas...

Ela foi passar uns dias de férias com os avós, longe de nós, longe do abraço que é meu todos os dias.

Foi de sorriso nos lábios. Esperam-lhe dias quentes, amigos de verão, noites maiores, piscinas das quais ansiamos o resto do ano...

Estou feliz por vê-la assim, igualmente feliz e livre.
Mas neste tempo em que está longe, quero-a perto, é um egoísmo, eu sei. Nunca lhe cedo (ao egoísmo), não posso, nem consigo.

Em casa um vazio...um silêncio que dói, tudo quieto.

Entro no quarto dela, aperto os olhos e os lábios, penso que está bem, como gosta. Sossego o peito...
Inspiro o cheiro que deixou no ar. Tudo está ali, sem movimento, sem a luz que só ela consegue dar aquele espaço.

Em casa falta a voz da cantora que começa a ser, o som das teclas do piano, os pedidos típicos da idade, a agitação de querer mostrar um vídeo novo, uma música nova, de telemóvel em riste. Até falta a desarrumação! Falta-me os beijinhos dela, os abraços o "Deus te proteja" à noite.

Em casa falta-me muito, falta-me tudo, porque me falta ela. 

Os dias são vagarosos, a saudade demora-se.
E ainda só passaram umas horas... 




terça-feira, 4 de agosto de 2015

As primas minhas

Quando há momentos assim, faltam-me as palavras, ou então não há mesmo palavras suficientemente boas para explicar...

A semana que acabou não podia ter tido melhor despedida.
No peito senti gratidão, agradeci em silêncio aquele momento, repleto de tudo o que é bom.

Para quem não sabe, as primas são para mim, as irmãs que não tive e a minha presença na vida delas é tão natural que não vejo a minha vida de outra maneira.

No dia que escolhemos para estarmos todos juntos, num sítio especial, saciei o coração.
Regalei-me com a doçura que só pessoas que me fazem feliz, possuem.

Olhava e sorria ao ver o reflexo de cada uma de nós nos filhos.
Todos lindos, todos felizes, todos teimosos e todos nossos!

Enquanto semicerrava os olhos, provocados pelos raios de sol, inspirava o cheiro a mar, caminhamos juntas, pés descalços, pele despida, sem relógio, sem tempo, sem pressas, caminhamos no mesmo sentido, no sentido que só a família sabe.

Ser feliz é simples assim.

Elas não sabem ainda, mas a minha vida com elas é muito mais completa.
(Agora já sabem).





terça-feira, 28 de julho de 2015

É assim todos os anos

É assim sempre. É assim todos os anos.
Dói-me tudo, a pele e todas as minhas entranhas.
Vivo em excesso dentro de mim.

É assim quando estou cansada, penso no ano que fica para trás, desde o verão passado.
Algumas coisas diferentes, outras iguais. Outras maiores que o meu tamanho.
Pensar nos dias, pesar a importância das coisas, tentar afastar medos, gerir a vida, controlar o desapontamento e acalmar-me, acalmar sobretudo este coração que sente, tão intenso.

Estou aqui, mas já só penso no céu azul, na areia na pele, no sol dourado sobre mim, no cantinho de paraíso que tenho a sorte de ter, no descanso e no momento em que desligo a ficha das rotinas diárias e deixo de olhar o relógio. Já só penso nos dias passados com os meus amores, gostar e viver sem pressas. 

É assim sempre. É assim todos os anos. 
Até chegar, parece tão longínquo que quase desespero.
Vão chegar, eu sei, e vão passar depressa demais, tão depressa que as horas do depois me vão doer sobre a pele. 

Eu sei que há quem não tenha dias de tempo para gostar e viver sem pressas, ou que tenha estes dias de tempo forçado (por não ter trabalho). Sou uma pessoa má por me lastimar assim, mas por hora, deixem-me fazê-lo.
Sou mimada, pois sou, mas estou-me nas tintas.
Sinto o peso de uma ano alucinante nos ombros e o coração a suplicar por ar puro e "des-stress"! 
Posso lastimar-me!

Resta-me respirar, respirar bem fundo e ouvir o que trago aqui dentro.
Ser paciente e aprender ainda muito sobre a espera.
Afinal a contagem é sempre decrescente!

Sou só eu a pensar assim?



segunda-feira, 20 de julho de 2015

Não há palavras para aquilo que sinto

Escrever sobre ontem, seria o mesmo que atropelar letras ou escrever sobre o que nenhuma palavra consegue descrever.
Por isso é muito o que me deste a sentir ontem, mas pouco o que consigo agora escrever.

Enquanto te olhava, eu pequenina e tu tão grande que, embora só, enchias o palco, sentia o meu coração aos pulos e a minha alma coberta de orgulho, eu sou a tua mãe, mãe de uma pessoa assim, com uma vontade tão bonita de crescer...com uma força a brotar, atrás do sonho...

Hoje estou ainda a resgatar pedaços de mim, aqueles que ficaram presos ali, no chão, enquanto te via explodir de alegria...cada toque, cada acorde, enquanto soltaste a voz e gritaste a quem te quis ouvir o quanto podes, o quanto és! 

És muito mais do que os meus olhos conseguem ver, e ainda assim olho-te e sinto-me completa.




sexta-feira, 17 de julho de 2015

O teu barquinho no meu porto

Tu, sim tu, que me lês ora sempre, ora nunca.
Tu, sim tu, que me ouves de vez enquanto.
Tu, sim tu, que te trago sempre em mim...de quem dependo para ser feliz.

Quando tiveres a minha idade, quando fores mãe, quando fores a filha que sentirá saudades dos dias em que vivia debaixo do mesmo tecto que os pais...

Quando te sentires limitada na concretização dos teus sonhos e te apetecer gritar, só porque sim...e ainda assim, avançar, sem desistir...
Quando, em algum momento te achares realmente uma super mulher, acredita que o és realmente e não deixes que ninguém te faça duvidar de tamanho feito.

Quando olhares os teus filhos, enche-te de coragem para a vida, ainda mais coragem. A mesma que pensaste outrora não ter.
Perdoa-lhes se são bravos contigo, se não te dão os abraços que precisas, se têm palavras tortas para ti.
Se te magoam.
Perdoa-lhes. Mesmo que sangres por dentro. Mesmo que duvides de ti e do trabalho que fazes para lhes incutires os valores certos.  

Quando eles crescerem, virão as saudades e prepara-te, porque elas nunca acabam, serão sempre maiores e mais difíceis de sentir.
Vai haver momentos em que te sentirás sozinha, aí, podes sempre pedir-lhes guarida nos seus braços, entre os muitos beijinhos que ensinarás. 

Tu, sim tu...
Quando fores mãe, vais recordar o muito que te dou a sentir, vais entender porque dentro deste coração há muitas alegrias, orgulho, amor, os teus abraços e os beijinhos todos que te ensino, mas também a dor da saudade. Uma saudade comum a todas as mães.
Mas não te preocupes comigo agora, a sério!
Vais aprender a viver com isso, tal como eu aprendo em todas as horas.

Abraça apenas este sentimento que tenho por ti.
Absorve alguns dos meus conselhos e cresce. Cresce com a certeza de que um dia, no dia em que nasceres mãe, tudo mudará para sempre em ti, dentro de ti.

Por agora, tenta entender esta saudade, pousa no meu colo, no ventre que te deu a vida e gosta de mim, só um bocadinho do tamanho que eu gosto de ti, só um bocadinho porque o que eu gosto de ti não cabe em mim, não cabe no mundo, nem em nenhum peito.

Lembra-te sempre que este amor que trago no peito não sai nas radiografias e que por vezes pode ser um porto solitário, mas ainda assim aberto quando nele precisares de atracar para beberes de mim toda a força que necessitas.

Mas não te preocupes comigo agora, a sério!
Só peço que entres no teu barquinho mais vezes e visites este porto sempre aberto para atracares!
Quando viveres tempestades ou simplesmente para respirares a calma da minha maré.





quinta-feira, 9 de julho de 2015

Uma vida/Mil lições - Parte IV


Parte I aqui.
Parte II - aqui.
Parte III aqui.

Ser sozinho

Quando a vida sorri mas o coração não vê. Quando a vida oferece segundas oportunidades e a cabeça está de tal forma fechada que o peito opta pelas escolhas erradas. As prioridades não estão na ordem certa.

Quando a vida passa lentamente, os erros repetem-se e não se abraça a ajuda oferecida, os conselhos, os pedidos...nada é suficientemente forte sobre determinados vícios, sobre determinadas escolhas.


A vida passa. Ele sempre lá, igual a si mesmo, como sempre o conheci, entregue às horas dos dias, entregue à sua fraqueza.


A vida passou, acabou para ele.

Ficamos nós,  família, amigos, conhecidos.

Questionamos o sentido das coisas, o sentido da nossa existência.

Questionamos se poderia ser diferente alguma vez.
Não sei. Por vezes escolhemos a distancia para não doer...para não doer mais. E afinal vai doer sempre.

E quando não há mais remédio, julgamos que podíamos ter feito mais. Julgo que podia ter feito mais...


Ali, numa cama que não a dele, preso a tubos que o prendiam à vida, a esta vida, olhava-o com angustia, com tristeza e com lamento pelo seu percurso entre nós.
Olhar as fotografias deixadas, abandonadas, os olhos perdem a força.
Um nó no estômago.

Um dia, mais um na sua curta vida, disse-me que agora é que era. Tudo estava diferente. Não sei se pela solidão em que se encontrava, não sei se pela porcaria dos tubos que o amparavam, mas disse-o. Disse-o e eu quero acreditar.
Não seria tarde para realizar sonhos, para ser a pessoa que todos desejávamos que fosse.
Mas o coração, o mesmo que não viu como pode ser bela a vida, não quis mais bater por ele.
Cansou-se, e não tive tempo de lhe mostrar o quanto lhe estou grata...quem me conhece sabe porquê...é nessa gratidão que sei que teve amor na sua vida.

Gostava de poder dizer que deixou saudade, mas a sua ausência desta vida, há muito que tinha sido feita.
Fica a falta. O seu lugar está, de qualquer forma, na nossa recordação.

Onde quer que esteja agora, que esteja em paz. Que a viagem até ela tenha sido feita sem mais dor, sem fraqueza.
Ser sozinho acabou.

A ele, uma beijoca, as últimas palavras que lhe ouvi.


Demorou algum tempo até escrever estas linhas. Sabia que tinha de o fazer.
Só precisava de sentir, de organizar esta miscelânea de sentimentos.