quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Obrigada a vocês!

Muitos dias, muitas semanas, passaram dias importantes, horas difíceis, reencontros e desilusões.
Tanto afeto, paixão, desprazer, alegrias que não registei neste canto. 
Sinto a saudade dentro de mim, soltar as palavras e fazer delas o que me apetecer, o que gosto tanto, escrever.

Felizmente percebo que alguns não desistiram de me procurar por aqui e, também por essa razão, mas não só, tinha de aqui voltar antes de me despedir de 2017.

Depois do bacalhau espiritual ( o meu), da broa, dos sonhos, das rabanadas, azevias...da casa cheia...tempo de renovar forças para o novo ano.

Obrigada a vocês!






quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A Paz

Um dia destes observava a minha mãe e o meu pai e admirava-os em toda a sua plenitude.
Estão nos 70 anos e contínuo fascinada pela sua força perante todas as lutas que já travaram e ainda travam, perante as injustiças que nunca os levou a desistir.

Olho para eles e penso muitas vezes, por muito tempo, como sobrevivem a um coração partido múltiplas vezes, pela partida de tantos, mas, em especial, pela partida dos seus pais, meus avós. Como sobrevivem a tal dor que dilacera o peito, como sobrevivem à saudade, à tristeza...à ausência.

E depois, depois tento entender. 
A vida prossegue, tem de prosseguir, intensamente, corroída pela guerra interior. E isso faz crescer a revolta, afinal viver a partida de um pai e de uma mãe, não se acolhe nunca.

Os meus pais serão sempre as pessoas que eu mais admiro. São o meu exemplo, o colo que tanto preciso e tranquiliza-me saber que, quando travo batalhas, eles esperam-me de braços abertos, mesmo quando eu não estou certa. Jamais conseguirei exercer os seus papéis como eles o fazem, honestos, possantes, sólidos, firmes, vivos e valentes.

O que eles me oferecem todos os dias, não sei se consigo dar à minha filha quando ela alcançar a minha idade, mas quero muito consegui-lo.

Infelizmente tenho em mim um mau hábito - sofrer (muito) por antecipação - e é tão severo este sentimento, que sinto o coração a disparar. Mas depois encontro a paz, a mesma que os meus pais me ensinaram a encontrar. 

Inquieta-me muito escrever sobre medos que vivem dentro de mim.
Mas fazê-lo liberta-me do pânico de sabe-los reais.
Este é o lugar certo.




quinta-feira, 19 de outubro de 2017

SOS - SÓS

Sem chão, sem teto, sem trabalho, sem sustento, sem mães, pais, filhos, amigos, sem família...sem a vida a que estavam acostumados...sem reação. 
À espera, massacrados, com traumas infinitos na finitude que é a vida.

São sobreviventes. São um banho de humildade, que tudo perderam e que ainda assim, arregaçam as mangas, por eles e por todos os que ainda não conseguem reagir. 

Gentes sem fortunas e cujas feridas são bem mais profundas que aquelas que os olhos conseguem alcançar. Não há palavras nem desculpas que, nesta desordem, em que tudo virou preto, apazigúem os corações destes sobreviventes.

O fogo transformou os dias em noite e as noites em dia.

Os dias vão passando, o céu vai descobrindo-se outra vez, sem fumaça, sem cheiro.

E agora que é permitido olhar a noite de forma limpa, com a alma doída, uma coisa é certa, são muitas as estrelinhas que o céu recebeu após este terrorismo que é o abandono de um povo entregue somente a si mesmo, numa luta inglória, desamparados, sós...


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Entre o céu e o inferno


Dói-me muito a alma, sobretudo o coração que vive minguado por tudo o que os meus olhos lhe transmitem.

Tenho o meu país a arder, parece um canto no mundo entregue a si mesmo e resignado ao seu destino. Entra-me pela casa adentro as lágrimas, o sofrimento e a angústia pelo desconhecido, do que pode ainda fica pior…

Dói-me de uma forma que me corrói, que me faz perguntar tantas e tantas vezes porquê.

O desespero sem descrição possível, a perda do ninho, da família, ver paredes que guardam histórias morrerem nas chamas, ver morrer uma casa, um quintal, ver morrer Portugal, devagar, em tormento!

Os homens e mulheres de força tamanha que protegem a terra e as vidas numa luta inglória…

Impossível imaginar a mágoa, o desgosto. Ver os velhos sentados, apoiados na bengala, resignados e completamente destruídos por dentro e por fora…de repente o sumiço da única vida que conhecem, ou conheciam. O medo da privação maior ainda. Corações devastados.

O país vai erguer-se, eu sei que sim, tal como fez em outros momentos, mas os rasgos que deixa em nós são irreparáveis e não é fobia ou amedrontamento.

Os rasgos que ficam em nós, naqueles que lhes morreram o berço, o refúgio, o seu porto de abrigo, que ficaram sem chão, são impossíveis de sarar. Quem perdeu tudo dificilmente voltará a saborear a leveza da paz que um campo verde, são e vivo pode transmitir. O remanso dos campos, a quietude da floresta, o perfume que emana das árvores.

São muitos os dias em que se olha o céu, em silêncios que tudo dizem, e tudo o que se vê é uma faixa de luto. Morreu-lhes a terra, morre-nos Portugal.

Passar nos montes, recordar o verde, os pastos, os animais livres. Neste lugar tudo o que vejo é negro, triste…tudo o que consigo fazer é olhar e ficar em silêncio, tudo o que consigo sentir é dor…

Por favor, chega!!!

 

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Saudade


Saudade é um parto reverso, é um cais onde nenhum navio aporta, é uma fogueira que não mostra a chama, é uma dor que não sai nas radiografias, principalmente no peito de quem ama - Paulo Gaefke
 
Ainda assim, sei que estás feliz e isso é o que me consola.
Diverte-te meu amor.
 
 
 
P.S. - Juízo!

O melhor abanador de caudas!


Tu não sabes (ou sabes) que é no teu colo que muitas vezes esqueço as ingratidões da vida, as tristezas que passam no coração, as dores que tiram a coragem…

És um poço de amor, daqueles sem fundo.
Esperas-nos, todos os dias, sempre com muitos beijinhos. Saltas e saltas até alcançares os nossos rostos e aí deixares o teu beijinho. Já és conhecido pelo beijoqueiro.

Estás sempre contente. És feliz com o simples.
Adoro o teu jeito de brincar, de nos cativares para brincar contigo.

Olho para ti e penso que só te falta falar a mesma língua que nós… sabes pedir, sabes esperar pacientemente…pedes desculpa logo depois de uma asneira…sabes ouvir, mesmo quando finges que não percebes e viras o olhar, nem que seja para uma parede! Até podias assobiar… sabes abrir a porta, só não sabes fecha-la…

Parte-me o coração dar-te um castigo, talvez seja por isso que nunca o faço.

Costumas ser muito elogiado, pois és de fato um arraso de cão!
És um oferecido, mas isso só faz de ti um bichano ainda mais simpático.

Não perdes uma oportunidade de experimentares as nossas camas…o sofá…és sorrateiro e isso tem a sua piada.

Gosto quando nos chamas, como se só tu ouvisses a campainha de casa.
Gosto do teu sorriso e quando rimos das tuas tolices, imagino que também te divertes com as nossas.

Fomos nós que te procuramos, que te escolhemos, e todos os dias nos ofereces a tua gratidão.
Vieste preencher um vazio que nem sequer sabíamos que existia.
Amas-nos mais do que a ti mesmo. Percebo isso quando deixas tudo pela nossa companhia.

Dizem que és uma bombinha de boa disposição, uma tempestade de alegria. És tu, feliz e o melhor abanador de caudas!

Agora, que tantos elogios foram feitos e todos exclusivos a ti, está na hora de aprenderes o quanto é fixe andar de carro, apreciar a paisagem, dormitar, sem baba em cima de nós, nos bancos, no teto ou nos vidros do carro. Sem te encostares, com os teus 23 kl, em cima de nós e sem andarmos com dez sacos atrás e toalhitas prontos a abrir, para o caso de achares que tens de nos mostrar o que comeste, porque nós sabemos, lembras-te?
                                Aqui, antes de te encontrarmos...3/4 meses.
 
                                        Aqui, 14 meses de vida, 10 passados connosco!

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Compromisso de amor

Entre mim e ti, delineei um compromisso, no dia em que te trouxe ao mundo.

Entre o teu peito e o meu haverá sempre um fio invisível que nos liga e que, mesmo que nem sempre o sinta, sossega-me saber que ele está lá, firme.

Imagina uma canção que te canta ao ouvido o refrão, sempre. Vive dentro de ti...ouves?

Este compromisso não é um dever ou obrigação, ou muito menos uma promessa.

O que te ensino está numa balança, nem sempre equilibrada, onde, no outro lado pesa o que tu me ensinas também, uma vida inteira!

E nos dias em que acho que o fio invisível se perdeu, agarro-me à certeza daquele compromisso feito entre o meu olhar e o teu, o primeiro só nosso.

Quando nasceste fiz um compromisso comigo, amar-te sempre.
Quando nasceste fiz um compromisso contigo, chamei-lhe amor!



Voltei!


Nesta minha ausência muita coisa aconteceu. Sobre muitos assuntos deveria ter escrito, ou talvez escreva um dia. Se me apetecer, porque sim.
Nesta minha ausência, aconteceram coisas boas e coisas más, ambas me fizeram repensar a vida, questionar as razões, duvidar até dos propósitos que julguei serem verdadeiramente importantes e que se mostraram secundários ou até numa escala que não importa.

Nesta minha ausência tive saudades da escrita. Escrever define-me em parte, porque as palavras aclaram o pensamento quando ele está turvo.
Podia ter vindo falar de Fátima e da fé, a que me ensinaram e a que tenho. E da visita do Papa que move multidões e que, como pessoa, admiro muito. Do monstro que é o terrorismo, que nos persegue e nos consome. Do Salvador e da alegria com que nos presenteou…até a bufa tão comentada eu falhei aqui…

Esta mudez falou muito, para quem sabe de mim, porque os silêncios também falam e gritam! Podem ser estridentes, para mim são muitas vezes.

Estes silêncios não são segredos, mas não me apetece falar deles, pelo menos para já.
Agora quero regressar a mim, viver o remanso, a calmaria que necessito, porque as rotinas nem sempre são más…e porque há muitas alegrias mudas.

Voltei!


domingo, 7 de maio de 2017

A minha é a maior!

Em hora alguma se esquece de que é mãe.

Vive por nós e para nós.

Há muito que se esqueceu de si, porque mesmo quando fica doente, sei que busca a cura por nós, porque sabe o quanto nos falta quando está ausente.

Venha quem quiser, dizendo que não pode ser assim, que antes de ser mãe é mulher, que não nos podemos deixar engolir pelas necessidades dos outros em relação a nós… e bla bla bla…

Esta é a minha mãe. Nunca me faltou, nunquinha, mesmo quando eu lhe fechava a porta!

Ela é parte do que sou hoje e, mesmo assim, nem 1/3 sou do que ela é!

Amo-te mãe querida!

E se é por nós que te cuidas, não me importo, porque quero-te comigo muitos anos. Sempre.

Feliz Dia da Mãe.
A minha é a maior!


sexta-feira, 5 de maio de 2017

quinta-feira, 20 de abril de 2017

O maior feito de uma mãe

Ser mãe é muita coisa e ainda sendo tanto ao mesmo tempo numa só pessoa, parece sempre que é pouco.

Ser mãe é dar tudo e sentir que não se deu o tudo que temos.

Sinto isso todos os dias, sou mãe que dá tudo, imperfeita, ansiosa, mandona, opinativa, advogada da cria, cansada muitas vezes, mas nunca, nunca, nunca cansada de ser mãe.

Ser mãe é viver com o coração fora do peito, na garganta, nas mãos, em muitos outros lugares, aqueles em que o filho se encontra.

Ser mãe é engolir-se muitas vezes a si própria, para deixar todo o oxigénio ao filho, toda a luz, toda uma vida, só por ele, só para o sentir pleno. Mais tarde recuperamo-nos de nós mesmas, temos tempo, temos força.

A força de uma mãe é implacável, porque uma mãe é determinada e jamais se esquece da agenda do filho. Jamais menospreza a dor física e as dores do peito.

As dores de um filho são as maiores do mundo para uma mãe e não conseguir sará-las com um beijinho é a maior impotência que se pode sentir.

A força de uma mãe é tal que tem a capacidade única de ler nos olhos de um filho o estado do seu coração e nas entrelinhas se está feliz ou triste.

Ser mãe é andar, tantas vezes, de coração partido, doída por dentro e por fora e, ainda assim, conseguir ver as cores bonitas que emanam do filho, da sua pele, do seu cabelo, dos seus olhos.

Ser mãe é transbordar de orgulho a cada conquista do filho. Transborda para sempre, pois um filho é o maior feito de uma mãe.

Ser mãe é trabalho?

Não. Ser mãe é amor. Apaixono-me todos os dias pelo teu sorriso, sabes?






quarta-feira, 5 de abril de 2017

Olhar devagar

De todas as coisas que posso deixar em ti, existem duas que nunca te irão abandonar.
São legados que adquiriste e que fazem de ti a pessoa que és: as tuas raízes e as tuas asas...

E é curioso como hoje ambas se juntaram, naquela que é a tua primeira viagem a solo...
Se o coração ficou apertado, também se encheu de orgulho por te olhar e ver a mulher que tenho como filha!

E viste, viste que desta vez não chorei no nosso abraço de até já?
Tal como tu, eu também cresço, como mãe imperfeita que sou... 

Depois, fui ali só meter cinquenta cêntimos para entrar na casa de banho do terminal rodoviário e chorar um bocadinho a minha saudade, que se agiganta já...

E sabes que mais? Neste tumulto que é seres minha filha e eu tua mãe, vou sempre abraçar-te, todos os segundos, incluindo os 'até jás' de alguns dias,  mesmo que tu fosses um cacto e eu um balão...porque abraçar-te é rebentar de amor e voltar a encher o peito com o mesmo amor, só que maior!

Agora que ganhaste asas, não te esqueças das tuas raízes. Olha a bússola que te guia.
Shiiiuuuuu...escuta o coração.

Não te esqueças que, embora te brada aos ouvidos mil e uma recomendações, e saiba que nem todas as irás cumprir, sei a menina dedicada e valente que és. Está nas tuas raízes! 

Não te esqueças sobretudo de olhar devagar este teu tempo, criar as tuas memórias, as melhores de todas!

Amo-te meu amor!
Abre as tuas asas, mas sem pressas, está bem?









sexta-feira, 24 de março de 2017

Sobreviver

Ela era uma jovem mulher.

Até ali, muita coragem ganhou para enfrentar a vida de frente, com muita resiliência.

Mulher sofrida, desde que nasceu, mas sempre de sorriso nos lábios. Pessoa feliz e que sempre aceitou o que o destino lhe destinou , embora, nunca fazendo das suas limitações, justificação para o que quer que fosse. Antes ficou mais forte!

Casou.

Foi mãe.

Foi feliz.

Cresceu uma mulher, com tudo o que isso significa – sorrisos, lágrimas, alegrias e deceções.

A vida pregou-lhe uma rasteira, ou não, pois acredito que muito do que nos faz rasgões no coração, abre-nos os olhos a outras realidades, melhores ou, pelo menos, não tão dolorosas como aquelas que se viveram até ali. Aprende-se uma lição.

Esta mulher que hoje se sente um farrapo, daqueles cheios de buracos e desbotados por causa de tudo o que já viveu e ainda vive, é a jovem mulher de outrora, coberta de garra e esperança. Destemida e muito dona do seu nariz, o que, para mal dela, nem sempre foi bem entendido por outros.
Mas ser determinada em vez de submissa é um ato de valentia.

Hoje é mãe divorciada e, por isto mesmo, por ter tido a grande coragem de sair da sua zona de conforto e de acreditar que ainda pode ser feliz, achando que merecia uma nova vida, sem pesos…temendo ficar sozinha e perder tudo, perder nada, sentir a força do arrependimento…lançou-se na busca dessa mesma felicidade.

O arrependimento não chegou nem nunca chegará, sabe disto cada vez que respira…mas os pesos que uma separação pode trazer são demasiados, não por ela, mas por todos os outros que, por loucura ou ilusão, não possuem a capacidade de aceitar que a vida é dela apenas, que, embora muito torturada por fatores psicológicos, completamente corroída por dentro e dorida por fora, ainda luta, numa guerra cujos combatentes não sabem baixar as armas e aceitar que a decisão, a busca e a esperança não se alteram.
Podem arremessar gestos abruptos, palavras intoleráveis, mas ela ainda luta, sem tréguas algumas, sem dias e noites de paz, ela ainda luta. E parece-me que esta guerra que ela nunca desejou ainda a irá desgastar muito mais. Por agora sei que a pessoa resiliente de antes, está frágil, desesperançada…

Ela sabe que estou aqui, como outras pessoas estão, mas pouco ou nada podemos fazer. É uma guerra solitária, não porque lute sozinha, mas porque os adversários estão sedentos de conflito, cegos por alcançar a vitória.

No final desta guerra só existirão perdedores…quero acreditar que ela, a mulher determinada, vai sobreviver.

A ti, mantém a bravura!

A ti: amar é deixar ir, quando já não cabemos...

Ao pequenino: protegem-no em primeiríssimo lugar, ele não pediu esta guerra!




sexta-feira, 10 de março de 2017

Atrasada 16 anos!

Nesta vida de encontros e desencontros temos, tantas vezes, agradáveis surpresas. Daquelas que nos fazem brilhar os olhos e iluminam um bocadinho mais a nossa existência aqui. 

Separações dão-se, algumas sem razão aparente e depois, porque assim estava escrito, tudo nos conduz para aquela pessoa novamente.

É assim no amor e é assim na amizade.
Foi assim com a minha amiga D.

Lembro-me muito bem das circunstâncias em que nos conhecemos, onde estávamos e no turbilhão de sentimentos que nos invadia individualmente. 

A D falou-me baixinho por cima do meu ombro esquerdo. Recordo-me das palavras que disse...
Não me perguntem como é possível ainda me lembrar disto, mas a verdade é que lembro, mesmo passados 24 anos!

Durante quatro anos esta amiga foi a minha bengala em momentos tristes, embalava-me tanto...e em nenhum momento me abandonou para os meus medos e inseguranças. Compactuávamos em tudo, e quando digo tudo, era mesmo assim. Lambia-mos as lágrimas uma da outra. As que caiam pela tristeza e as que caiam pela alegria.

Hoje, pergunto-me se estive à altura para servir também de bengala a ela...não sei, mas a verdade é que nos perdemos uma da outra entre os tumultos da vida.

Lamentei-me por esta perda. Durante todo tempo fez-me muita falta o seu abraço e o seu sorriso.
E agora...o reencontro deu-se, num ápice, tal como no dia em que nos conhecemos, de forma inesperada.

Tanto para conversarmos, tanto para nos mimarmos...vou contar-te um segredo...vou chorar quando te der o abraço que está atrasado 16 anos!

A amizade não é sobre quem veio antes ou quem veio depois, mas sim sobre quem veio e nunca foi embora do nosso coração, como tu.

Por todas as risadas, por todos os segredos, por todas os abraços, por todas as lágrimas e por todos os momentos que vivemos e que vamos repetir, tinha de te falar de tudo isto.

Estou à tua espera.




O caminho da bonança

A tempestade foi grande, chegou de repente sem aviso prévio.
Mas antes dela poder ser vista, algo me fazia senti-la...uma centelha despertava-me, mantinha-me alerta.
Fazia de conta...uma e outra vez. Até que chegou.

Foi um mergulho profundo, daqueles que ninguém nos ensina a técnica de como guardar em nós todo o oxigénio até voltarmos à superfície.

Foi difícil, muito doído. Ainda é, mas ficamos todos mais fortes, mais capacitados a enfrentar as fragilidades de cada um.

A vida mostrou-me o tanto que se consegue suportar, mesmo quando sentimos as feridas (as nossas e as dos outros) rasgarem a pele, penetrarem fundo na carne e ali ficarem, queimando e alastrando vagarosamente para que a tortura seja ainda maior. Dói o corpo, dói a alma.

Mas neste caminho crescemos, as transformações foram necessárias e as várias lutas travadas também. Nele ninguém ficou só, mesmo que em alguns momentos se sentisse desacompanhado e desprotegido. Eu senti.

Sei que estas tempestades nos despertam e não se esquecem, por serem estrondosas, deixam marcas para sempre, mas também arrumam a nossa cabeça e coração e, tal como na natureza, voltamos a florir e a crescer.

Renascer, aprender sobre a tranquilidade, amadurecer e aceitar.

Este caminho ainda não chegou ao fim, mas já existem sorrisos nas margens do percurso e isso deixa-me a transbordar de orgulho, de ti, meu amor! É a bonança.

O que estás a construir é só mérito e força interior que emana de ti.

E eu, eu ainda estou a aprender a ser a mãe que precisas, sei agora que isso não passa pela dependência, tua e minha, mas sim pela liberdade de ambas e pelo respeito na diferença.

E mesmo entre tempestades, este bem querer que sinto por ti, cresce e vai curando as feridas, as minhas e espero que as tuas também.




quarta-feira, 8 de março de 2017

Sou aço, mas também flor

Parabéns a mim e a ti.
Parabéns a nós mulheres, lindas e indispensáveis!
Malucas por sapatos, malas, cremes... que sempre precisam de alguma coisa. 

Somos flor, mas também aço.
Grandes na fragilidade, mas maiores na força!

Esta sou eu, mulher cheia de sonhos, de vontades, erros e medos.
Mulher com fraquezas, mas de caminhos firmes, embora nem sempre fáceis.

Esta sou eu, feita de contrários legítimos que assumo e os grito todos os dias.
Sou forte sim, sou de exageros sim, não tolero a falta de respeito, a submissão...
Jamais serei estoica, embora tente superar-me em algumas vezes...

Sou resistente, mas o apego dedicado, a benevolência, são a minha fraqueza.
Porque sou aço, mas também flor!






quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Avassalador

Há momentos em que sei que toco no lado que te dói.
É intencional, porque não sei até onde remendaste a ferida.

Não sei a pele que já renovou em ti, de dentro para fora, porque ainda vejo condoimento.
Sei da razão, do esforço, da determinação e coragem, mas também conheço o tamanho da tua teimosia. 
E por vezes andamos cegas, negamos porque vai doer mais.

Meu amor, dá-me a tua mão, se quiseres, juntas enfrentaremos o que nos amedronta. 
Mas se preferires encarar os medos na tua solitude, respeitarei, és valente.  

Há fragmentos da tua vida que vão lembra-me sempre da força que ambas temos.
Da tua em acreditar.
Da minha em esperar.

Avassalador este amor.
E ainda assim, mesmo que muitas vezes partida, a cada minuto mais apaixonada por ti!


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Dos amigos

Sobre o que é ser amigo de alguém ou ser merecedor da amizade daquela pessoa, requer trabalho.
Muito, tanto que alguns se perdem pelo caminho.

Já se extraviaram alguns e também já me extraviei de muitos.
As razões e as culpas são irrelevantes, sem força alguma, porque foram incapazes de aguentar os mastros do barco durante a tormenta. 

Ser amigo é desejar fazer um rosto alegre quando o coração está triste.
É permitir que nos aperfeiçoem enquanto ‘eu’, não somente pelo que nos oferecem, mas também, e principalmente, pelo que nos revelam de nós mesmos.

A felicidade de um amigo deleita-nos o peito.
Enriquece-nos, acrescenta-nos e apraze-nos.
Regozije-nos e, caso a amizade sofra com isso, é porque não existe benquerença alguma.

Todos somos capazes de sentir os sofrimentos de um grande companheiro. Mas ver com júbilo os seus triunfos, exige uma natureza muito delicada.

Estes amigos, os que vão habitar para sempre no lado esquerdo do meu peito, não foram escolhidos mediante requisitos ou premissas.
Estes amigos, posso até tê-los descoberto no meio de farras (ou não), mas foi sempre no auge do desalento, no olho da tempestade que eles se revelaram amigos para a vida.

Estes amigos são poucos. Os suficientes.

E quem me dera estar à sua altura.

Obrigada a ti...


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Legado emocional

As rugas da tua face enterneciam ainda mais o meu coração.

Não sei explicar o que sentia quando o teu rosto encostava na minha mão, num aconchego delicado, doce e meigo.

Fecho os olhos e ainda sinto as linhas vincadas da tua face, sobre a pele fina onde estavam escritas as tristezas e alegrias que viveste até ali. As guerras, as vitórias, as mágoas, o perdão, toda a tua vivência escrita nesse alinhamento.

Os teus cabelos prateados deixavam em mim a certeza de que o tempo é voraz, aniquila-nos alguns sonhos…despe-nos da carne, seca-nos os ossos…emagrece-nos as mãos…e sei lá mais o quê!
Olhava para ti e perguntava, em silêncio, se esse era um exercício doloroso, o de envelhecer.

Eras todo o tempo, passado, presente e futuro. O teu corpo minguado pelos anos confirmava a pessoa trabalhadora que foste. Choravas muitas vezes nestas alturas, acho que pela saudade causada pelas memórias que guardavas em ti e pela saudade que causarias em nós quando já não te fosse permitido partilhar connosco, todos os afetos e dons que conquistaste.

Deixaste em nós, em mim de certeza, um grande legado emocional e, deve ser por isso que, todos os dias, me lembro de ti. Todos os dias sofro remorsos por não ter afagado mais vezes o teu rosto, um pesar enorme por não ter mais o teu sorriso puro sobre mim.

Esta saudade, esta ausência e vazio aperta muito, tanto e dói que se farta!


(Aos meus avós)


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Do amor

Acorda! Nasce mais um dia. Agradece!

- Doí-me.

- O quê?

-Tu.

- Mas o que fiz agora? Eu que estou sempre aqui. Eu que bato por ti, sempre… e que, mesmo partido, te assisto, que nunca me canso, mesmo que machucado…

- Doí-me, porque tomei consciência de que me esqueci que é por mim que bates…

- Descansa a culpa, eu renovo a cada sorriso teu, a cada gargalhada…sempre que estás em paz.

- Mas estás cansado, eu sinto.

- Não. Estou inquieto, apenas. Pesa-me o teu medo, a ausência de ti. Tenho saudades. Onde te escondeste?

- Estou aqui, só mais calada.

- As dúvidas da razão não podem calar a crença que tens em mim. Peço-te…

- Perdoa-me o meu subterfúgio…ando esquecida de mim…

- Perdoou. Afinal não perdoou sempre? Mas desta vez existe uma condição.

- …

- Apaixona-te todos os dias por ti como eu, que vivo encantado por ti, encanta-te também, como antes…e mesmo perante as fragilidades, tuas e minhas, resiste sem perder a doçura…


(Diálogo com o coração)


sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

8 + 8= Doces 16



Se eu pudesse, iluminava o teu coração com as palavras de açúcar que vivem apertadas no meu, na esperança que as entendesses e as aceitasses como tuas.

Podem não ser sábias, mas são palavras de amor, estas que guardo só para ti.
Quando abres o peito para me deixares entrar um bocadinho, aninho-me e lá, onde fico e esqueço o tempo, deposito amor, daquele que é eterno…

Eu sei.
Eu sei que vivemos no mesmo espaço temporal, mas somos gerações diferentes, e isso, sem que nos apercebamos, faz de mim e de ti, mulheres distintas, eu mãe e tu filha, a minha.

Olho-te, da mesma forma como há 16 anos atrás, quando nasceste de mim, e a forma como os teus olhos pousaram nos meus, marcou para sempre a minha vida.
O teu olhar está vivo em mim, como se fosse agora o momento em que nasces.

Hoje, meu amor, festejamos os teus doces 16 anos e são tantos os desejos que sonho para ti…mas também aprendi que os sonhos em mim guardados, nem sempre conjugam com os teus…ensinas-me isso todos os dias.
Estás uma mulher, com as alegrias e tristezas, no auge da rebeldia (ainda q.b.) e, confesso, assusta-me.

Um dia irás entender este estado emocional que respiro. É um bicho papão que veste uma capa feita de receios gigantes que tento não alimentar.
Mas não são assim todas as mães??

Desculpa-me por olhar para ti como se ainda fosses aquela pequenina saltitona e que em todos os serões dizia o quanto era feliz!
Desculpa-me se sou exasperadamente piegas, e esqueço de mim porque só sou tua mãe, com muitos defeitos e com saudades desmesuradas de ti…

Ao contrário do que por vezes pensas, tenho um orgulho extraordinário em ti, na pessoa que és e sei, que bem lá no fundo, tens em ti ainda aquela menina de olhos apaixonados por mim…

Sabes que em cada socorro teu, eu estarei lá.

Em cada lágrima tua, dos meus olhos brotarão mil.

Em cada sorriso teu, o meu será em dobro.

Em cada abraço que te dispuseres a oferecer-me, os meus braços já estarão à espera muito antes de esticares os teus, porque o teu abraço será sempre um prolongamento da minha felicidade.

Meu amor, enche o peito de ar novinho em folha, orgulha-te dos 16 aninhos que conquistaste.
Ver-te crescer pode ser assustador, mas é esplendoroso. 

Liberta-te do que já aconteceu, te machucou e não te alimenta mais.
São 16 anos de aprendizagem, muitas lições aprendidas.
Escolhe bem as tuas batalhas, cuida da tua paz interior.
Vive leve...

Lembra-te que a vida nos surpreende a cada momento e que o presente é isso mesmo, um presente…
E o meu para ti será sempre este: um amor eterno!

PARABÉNS MEU AMOR, MINHA FIFI PEQUENINA!
Amamos-te daqui até à lua e voltar, infinitamente!




terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Sobre a esperança...

Permanece, por favor...para que os sonhos não quebrem.

Consola-te na fé, aquela que sempre te ensinaram a ter.

Esperar parece tempo perdido, por isso tens pressas incompreensíveis que só tu entendes.
Urgências que bradam nos ouvidos, mas que os dias ainda não deixam alcançar.

Se isto é um teste às tuas forças, começas a julgar que a armadura que envergas já não serve mais a esta luta entre a desesperança e a fé. 
A bolha de segurança há muito que explodiu e tu ainda estás a reunir os cacos que, muito lentamente, vais reencontrando...é a oportunidade certa para renovares os teus votos para com a vida.

O que falta?
Tudo, se agora estás recomeçar.
Muito, se já tens um caminho traçado.

Falta isto, mas sobretudo ser feliz por dentro.
Voltar a sê-lo!

(A mim, a ti, a todos desta e outras lutas.)




sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Colo

Ontem precisei de colo, tanto tanto!
Fui forte e ainda assim tão frágil.
Resiliente e ainda assim exasperada.

Mas olhar a mulher forte que tinha ao meu lado, levou-me a ter a certeza o quão pequenina sou perante tamanha veemência.
Então segurei as minhas  lágrimas e engoli o choro.
Apetecia um abraço, mas sei que, se o desse e recebesse, ambas carpíamos ali os nossos medos.

Precisei de colo quando a razão de ali estar era contrária a esta necessidade.
Estava ali para o dar, não para o receber.

Suspeito que, mais uma vez, recebi mais do que dei.
Mas as mães têm este poder, o de perceber quando a filha está afadigada do coração...

Desculpa por não estar à altura de te acolher devidamente no meu colo.


A ti minha mãezinha, porque não cai mal ao mundo chorar e pedir a Deus que nos coloque no colo.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Amar direito

💕
Para viver um amor direito, daqueles para sempre
Para o fazer viver para sempre
É preciso muito trabalho

Saber remar contra os ventos
Saber olhar quando mais ninguém vê
Saber perdoar mil vezes e repetir
Saber esperar
Deixar respirar

Partilhar as alegrias e as tristezas
Não baixar guarda 
Porque um amor direito alimenta-se todos os dias
Para nunca permitir ao coração, mirrar

Amar direito é viver do lado de dentro do peito
Eu no teu e tu no meu

Amar direito é adoçar a vida quando ela fica amarga
Amar direito é saber manter a embriaguez inicial
Amar é rir, chorar, chorar e rir

Amar direito é aprender a arte de ser humilde
Errar e ter a coragem de pedir perdão

Zangarmos-nos e ter o gostinho de fazer as pazes 

Somos imperfeitos e ainda assim, aqui estamos nós

Há 20 anos atrás esperavas-me, impaciente
Eu, conduzida pelo meu pai até ti
Sem pressas, pois sabia que teria uma vida inteira para me sentar ao teu lado

Há 20 anos atrás?!
Xi...ainda temos muitos sonhos para concretizar
Até ficarmos velhinhos e cansados de amar, para aí descansar contigo.


Amar direito dá trabalho, mãos à obra, outra vez, sempre! 👫