terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Vem 2019


Podia vir aqui falar dos porquês de andar fora desta casa.
Podia vir contar histórias da vida, passadas neste tempo em que por aqui não estou.
Podia muita coisa, mas sabes, não me apetece!

O teu mano mais velho foi, em algum tempo, sacana comigo. Aplicou rasteiras quando eu ainda me erguia de uma ou outra trapaça que veio com ele. Ao começar de cada trampolinice, eu pensava que ele me castigava, teimava em roubar-me as alegrias e as esperanças que eu construí.

Mas o teu mano 2018, sendo mais velho que tu, é sábio. Agora que ele cede o seu lugar a ti, percebo que, durante algum tempo, o via como traiçoeiro. Não foi nada disso, pelo menos comigo.

Agora vejo tudo de outra perspetiva. Não sei se por estar aqui hoje, melhor do que estava há um ano, ou se, por tal como ele, estar mais velha e também mais resiliente.
Sei que as rasteiras não eram reprimenda, mas sim um ensinamento. Aprender a ouvir os sinais.

Estamos a poucos dias da sua despedida e eu tenho esta mania ou fraqueza, quando penso com amedrontamento no que virá contigo, Não é por seres tu. Já o era com os teus manos velhinhos. Sou eu, é uma falha, uma imperfeição, se preferires.

As emoções estão em maré-cheia no meu coração, umas boas, outras com a etiqueta da desilusão para sempre pendurada. Muitas coisas difíceis de esquecer, outras já esqueci. O teu mano ensinou-me a deixar ir o que não me acrescenta… é pesado, ainda o é.

Tenho a sorte de ter por perto as pessoas que mais importam e sempre me apoiam, incondicionalmente. Assim tudo é mais simples, menos violento.

O que te peço, quando chegares, é que repares como te espero: de braços abertos.
Olha-me nos olhos e diz-me que não és de rasteiras. Que me irás apresentar novas lições, sem que eu tombe.
E já agora, peço que me ajudes a encontrar um jeito de esquecer as amarguras do passado e a controlar as ansiedades com o futuro. Ensina-me que viver o agora é, talvez, um dos caminhos que nos leva ao bem-estar, mental e físico.

O teu irmão ainda não partiu, mas, embora travesso e desobediente, já sinto a sua falta pelos momentos em que me ergui com a sua advertência.

Por tudo isto, vem 2019, bem vindo!
Faz a tua parte. Eu prometo fazer a minha.



quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Balançar para não cair

Em alguns momentos (não todos, felizmente) é assim que me sinto, pesada.

Sinto sobre mim o peso da idade, o peso de todos os gelados que comi este verão, o peso do raciocínio, nem sempre claro, o peso das expectativas, das lembranças, do zelo dos dias, dos propósitos da vida. 

Mas também sei que este peso vem carregadinho de sabedoria, aquela que só ganhamos com o tempo, adquirido com coragem, vigor e compromisso e também com alguma angústia e desilusões.

E se pode parecer um fardo demasiado incomodo, principalmente quando só nos apetece ficar a procrastinar  ou quando o cansaço nos vence, esta bagagem é a nossa vida, a que já passou e a que vem, com todas as lições, com todas as surpresas e realizações. 

A vida é o exame mais difícil pelo qual passamos. Aqueles que falham é porque se limitam a copiar outros, esquecendo que, a cada um de nós, foi dada uma questão diferente. 

Se superamos ou não, saber-se-à quando partirmos e os que ficam responderão com a forma como nos irão recordar.

Pesos todos carregamos. Cabe a cada um encontrar um ponto de equilíbrio para não tombar do baloiço.



terça-feira, 11 de setembro de 2018

E porque não sabem de mim

A vida ensinou-me que se sentimos o sol dentro de nós, o caminho está escolhido...as dúvidas dissipam-se nesse instante.
O caminho que me levou a fazer nascer este blog ainda será extenso, assim espero.

Este afastamento não significa que deixei de ter vontade de escrever ou que ande distraída daqui.
Mas uma pessoa precisa cuidar-se, retirar-se, por breves instantes (ou longos), de cena para, simplesmente, sentir-se e sentir os outros.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Todos os beijos que não te dei

Passaram 6 anos.
Passaram tantos momentos sem que contigo os pudesse partilhar.

Já o disse aqui. Hoje volto a dizê-lo.
Herdei de ti o gosto pelos brincos XL (tu usavas sempre os mesmos) e se por acaso, em algum dia, os brincos são mais pequeninos, sinto que me afasto de ti. Tolice, eu sei. Estás sempre aqui, independentemente de tudo.

E ao final de tanto tempo, continuo a extasiar-me com a forma bonita como carregavas a esperança no teu coração (a tua sobre nós) e a forma como transformavas tudo em amor.

Tenho tantas, mas tantas saudades tuas minha avó!
O teu amor por nós continua vivo, e parece poético dizê-lo assim, mas perdoa-me todos os beijos que não te dei. 





sexta-feira, 11 de maio de 2018

Rodopio de uma vida

A vida dá muitas voltas. E a nossa já deu algumas.
Fazendo bem as contas, puseste os olhos em mim há mais de 30 anos! 

Como é possível??!!
Pois, lá está, as voltas e voltas que a vida nos obriga, sorrateiramente, a dar.
E quando o carrossel termina o rodopio, sempre estamos juntos. Embora me pareça que, em tantas voltas e voltinhas, já começamos a ficar meio sarapantados.

Já passaram muitos anos, sim. 
E se em certos dias não nos podemos ver à frente, outros (muitos), somos a melhor companhia um do outro.

Há 30 anos o teu caminho cruzou-se com o meu.
Demorou outros 10 anos até que a minha bússola se acertasse com a tua...são 21 anos a teu lado e a ti devo o melhor presente de uma vida: a nossa filha.

Eu sei da minha mansidão.
Sei da tua avidez também.
Dois pratos da mesma balança, que sabe muito do seu equilíbrio.

Sabemos um do outro de olhos cerrados.
Ouvimos as palavras um do outro, sem falar.
E todos os nós da garganta se desapertam nos abraços que damos.

A rodopiar contigo, até tu quereres!












quinta-feira, 10 de maio de 2018

A ver-te voar...

Filha

Apetece-me ficar a olhar para ti quando dormes. Todas as noites.
Desviar os fios do cabelo que caiem no teu rosto, enquanto a tua cabeça mergulha na almofada e o teu copo descansa.

Dar-te beijinhos sem te despertar.
Ficar ali, apenas. Sem olhar o tempo, com tranquilidade.
Desapertar o coração por um bocadinho. Logo virá outro dia.
Pedir a Deus por ti
Amar-te em silêncio.
Desejar ter mais momentos assim, só nossos, mesmo sem que tu saibas.

A vida é barulhenta e eu gosto tanto do silêncio...não o das palavras, não o dos gestos, mas o que consente namorar-te, com tempo e paciência.

O dia nasce.
Tu cresces. Ganhas asas cada vez mais possantes, e eu só posso admirar o teu voo, sempre mais valente que o último. Sempre mais demorado que o último.

Todas as noites, apetece-me namorar-te no silêncio...só mais um bocadinho. Só mais um bocadinho, o bastante para aquela noite. Porque outras noites virão. Prometes?







terça-feira, 17 de abril de 2018

Atordoada

Gosto de tudo nesta fotografia! Mesmo! 
A desarrumação, a tinta quase a derramar no chão, as calças que, por descuido, ficaram personalizadas...a arte, a paz e a paixão depositada neste momento, afloram outros mais difíceis.

Mas esta foto também me assusta. Como cresceste tão depressa?
Tu não sabes, mas a vontade de te rever pequenina, em fotografias e lembranças, amedronta-me. A saudade deixa-me melancólica, aflita perante a ligeireza dos anos.

Aqui vejo-te mulher.
Vejo-te teimosa.
Vejo-te grande e determinada. 
Resistente e lutadora.
Vejo-te serena. Talentosa.
Vejo-te arrebatadora. Fascinada. Inteira.
E é por isto que adoro esta fotografia. Quem te percebe, identifica nela, tudo o que trazes no peito, o que te deleita verdadeiramente. 

Como cresceste!!!
Sem pesos, sem culpas. Finalmente em casa dentro de ti mesma. 
Feliz.

Ainda bem que temos esta foto, para me lembrar mais vezes que alguma coisa fiz bem.

(E pensar que me aborreci quando dei contigo assim...que estonteada sou!)



Há 7 meses era assim...

Esta foto tem 7 meses e quase que não me revejo nela.
E já tinha uns quilos a mais a pesar na consciência!

Hoje...
Exercício zero.
Dois meses paradinha (obrigação).
Desculpas e mais desculpas.
Muita fome, para ocupar os dias parados...vergonha, muita vergonha.
Balança a esticar-se. Eu também.
Compromisso com a linha, zero, muito abaixo de zero.
Peso da idade em cima!

E o que vou fazer para mudar tudo isto?
Procastinar menos, muito menos.
Exercício, sem retardas.
Fechar a boca.
Ficar-me apenas pelo pensamento nos chocolates, nos gelados, nas batatas fritas, nas massas e quase tudo o que é bom!
Ter uma conversa séria com a balança, aquela mentirosa. Começar a acreditar nela!
E arranjar fatos de banho novos para me esconder.


(Em quatro anos de vida do blog, esta é a 1.ª foto minha. Acho que mereciam depois da ausência grande.)




Regressar-vos!

Estou por aqui há quase quatro anos!
E nunca estive tão ausente.
Não. não perdi a vontade de escrever. Não. Não vou por culpas na vida, no tempo ou na ausência dele. Não há culpas. Mas há saudade. Muitas.

Sem promessas, vou tentar manter o foco e "regressar-vos".
Afinal os vencedores têm metas. Os perdedores têm desculpas!






sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Fui à faca!

Faz hoje precisamente 7 dias que fui à faca.

Tudo começou com o diagnóstico de uma hérnia discal lombar, agravou-se e a perna esquerda começou a ser castigada, não podia fugir mais disto, respirei fundo e lá fui.

Mas a espera, de mais ou menos uma semana, nunca é rápida nestas circunstâncias, pois não?
Escusado será dizer que os macaquinhos do sótão reuniram-se todos e fizeram a sua rave!  

Claro que aqui a je tinha que sair da consulta e, todos os dias, visitar o Dr. Google! E ele, se pode ser nosso amigo, também consegue ser um pessimista do pior! 

Li muito, pesquisei e até aprendi alguma coisita.
Entretanto o meu papão não era tanto a cirurgia, mas sim a anestesia. Em 46 anos nunca me adormeceram à força, além de que o meu sono é, por norma, muito leve.

Na consulta com o anestesista, pensava que só o marido me acompanhava...mas para ajudar à festa, os macaquinhos pessimistas também apareceram, Um batalhão deles e os otimistas estavam em desvantagem! Fraquinhos, não aguentam nada, a culpa foi da rave!

As minhas perguntas eram algo disparatadas, o médico ria-se e foi dizendo que se calhar até acordava a meio da operação...eu ri-me, mas um dos macacos segredou-me que o melhor era preparar-me, afinal o meu sono é leve que nem uma pena. Bolas, os outros continuavam ferrados e nem um dos macacos mais otimista parecia querer despertar. O médico ainda acrescentou que iria ADORAR a anestesia...pois, isso é porque não era ele...houve um macaco que bateu palminhas!

E se, para além de acordar a meio, não acordasse de todo? E se algo de errado acontecesse e não conseguisse mexer-me??? E voltaria para a minha casinha? Afinal, azares acontecem, certo? Raio dos macacos!

Fui preparando o que podia e organizando as coisas em casa, pois durante algum tempo a mobilidade seria reduzida.

Entretanto começou uma guerra de estados entre os macaquinhos, vieram também os carpideiros para se juntarem aos pessimistas e aos otimistas, estes continuavam zen, devem ter fumado uma cena qualquer na tal rave. Sinceramente fiquei desiludida com o seu trabalho!

Pois então, o dia chegou, chorei quando saí de casa, chorei quando a minha filha seguiu para a escola, chorei no quarto enquanto aguardava...os carpideiros macacos vieram cheios da gana e estavam a curtir do filme que realizavam, os produtores eram eles também, tudo na mão deles! Que gestão tão errada!

Entretanto, ofereceram-me dois comprimidos. Depois de perguntar, a enfermeira disse-me que serviam para eu relaxar...relaxar? Eu queria era ficar bem desperta a tudo o que faziam comigo.

Os macaquinhos queridos, os verdadeiramente meus amigos e que entendiam o meu momento, tinham voltado, os carpideiros e todo o grupo que participara na rave dos dias anteriores, estavam lá, mas numa de - deixem-nos dormir - baixaram guarda e acenavam a bandeira branca, se bem que ainda um resistia, aos saltinhos, mas a perder a força nas molas.

Deram-me uma bata, com lacinhos atrás, uma meias de liga brancas (prevenção de trombose) e umas cuequinhas de renda (daquelas descartáveis que nos dão na maternidade, quando somos mães). Ali fiquei à espera...não me perguntem o que conversamos, eu, o marido, a filha e os pais que entretanto tinham chegado. Não me lembro...os comprimidos apagaram alguns dos macacos mais resistentes.

E ainda que a cirurgia estivesse atrasada, de repente eu estava bem, lembro-me disso, mas de mais nada até ao bloco.
Vieram buscar-me perto das 15 horas...recebi os beijinhos da família e lá fui...

O frio...muito, muito. Tanto que abri a boca e queixei-me, seria o início de um rol de perguntas parvas.
Lençol quentinho em cima, um tubo com ar quente por baixo e pensei que, afinal até estava agradavelmente confortável e que uma soneca viria mesmo a calhar.
Tinha tudo controlado e se pensavam que me punham a dormir sem eu dar luta, estavam muito enganados (ou eu estava), eu resistiria.

Este estado só durou segundos. Os macaquinhos assistiam, uns choravam, outros batiam palmas e, agarrados a uma bebida qualquer (desconfio de álcool etílico), deliravam, o filme iria começar!
E eu, ali tão quentinha, tinha muita gente de volta de mim, tudo muito ocupado. Tiraram-me a bata e ligaram-me a umas cenas que apitavam...puxavam-me as pernas, levantavam-me os braços...lembro-me de pensar - felizmente que tratei de mim - depilação exemplar, até os pés pareciam pés de bebé! Meias de liga, cuequinhas de renda e nada mais, sexy, portanto.

Perguntei pelo médico, já iria descer.
Primeiro o cateter enfiado na veia da mão - é a anestesia, perguntei? Ainda não, é soro para não sei o quê.

Senti picadas, quase queimação no pulso - é a anestesia? Não, é para testarmos possíveis alergias (atenção que não estou bem ciente das respostas, apenas do não).
Electrodos na testa, e lembro-me de pensar que estaria dias com bolas tatuadas na testa!

Depois, ofereceram-me uma máscara, disseram que era o oxigênio e mandaram-me respirar fundo. Pensei, devem achar que me dão a volta assim, vou contar as vezes que respirar fundo e perguntar se é a .... ferrei! E realmente é verdade, o melhor de tudo é a anestesia. Não sei se quem a inventou levou algum prémio, mas se não, devia!

Depois, depois veio a parte cómica, assistida pela família. Saí do recobro e a filha ria-se, o meu estado era de alguém completamente grogue. 
Hoje, tenho a certeza que os macaquinhos carpideiros e os otimistas cederam à pressão dos outros que já se estavam a lixar para más notícias, só queriam era curtir a rave, que entretanto se estava a repetir. São todos uns agarradinhos!

No quarto, tornei-me a mulher dos comandos!
Comando para subir e descer a cama. Comando da TV. Comando para chamar a enfermeira e ainda o telemóvel. Segundo consta, eu pegava em todos, balançava-os e voltava a repetir...de boca aberta, olhos nem abertos nem fechados...era este o meu estado. Lembro-me do cansaço extremo, mas não sabia que tinha dado um espetáculo tão bom. Ainda bem que fiz rir.

Hoje estou em recuperação, muito lenta, mas sempre a melhorar. Os macaquinhos estão cá, há dias bons e outros menos bons. A recuperação é uma seca, mas tenho muita sorte, porque tenho muita ajuda e não estou sozinha. Mas sobre isso falarei outro dia.

Quando o enfermeiro vem mudar-me o penso, os macaquinhos estão sempre sentadinhos, uns de mãos juntinhas a rezar ao santo deles, outros a esfregar as mãozinhas na esperança de ouvirem alguma coisas desagradável sobre os agrafos agarrados a mim e que os leve a outra rave. Não vão conseguir!

(Podem rir à vontade, não me ofendo, afinal ADOREI a anestesia.)



quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

17 anos feliz?

Filha, tenho muitas vezes o coração mirrado pelas tuas palavras menos doces e pelos teus gestos menos presentes...mas consola-me saber que, em poucos minutos (às vezes horas) voltas a ser a minha menina e tens a humildade em assumir a tua amargura comigo...

Pergunto-me onde andas, mesmo quando estás ao meu lado, porque não te reconheço naquele instante...sabes o quanto é difícil para mim? Se calhar sabes, como eu sei o quanto te é difícil ouvir as minhas sentenças.

Posso não ser sempre assertiva, mas acredita que os meus ensinamentos são sempre baseados em certezas, nunca te transmito uma mensagem sobre a qual eu tenha dúvidas.

Não existe uma doutrina das mães, porque não há mães iguais, nem filhos idênticos.
Por isso, tal como todas, também a tua mãe, dentro de todo o amor que sente por ti, se ajusta a ti, ao teu crescimento e se endireita todas as vezes que quebra.

Têm sido assim estes tempos e não sei se algum dia o coração se irá consertar por te ver prescindir do teu aniversário, completamente organizado, por mim. Ainda assim, admirei no teu dia de anos, a tua alegria de, ainda que sem festejos, sem os teus amigos ao lado, festejares os teus 17 anos ali, ao meu lado, numa cama de hospital. 

Não sei se no fundo me perdoas, se entendes verdadeiramente os obstáculos da vida...
Mas deixo-te mais um ensinamento, posso? 

Deus dá-nos obstáculos para testar a força da nossa fé.

Amo-te meu amorzinho, daqui até à Lua e mais além.
Parabéns a ti, parabéns pela tua humildade.
Que os 18 compensem esta minha culpabilidade.  


O sinal coração

Três meses depois do início do ano de 2017, recebi uma notícia que me deixou apavorada.
Há situações menos agradáveis que são a nossa salvação no futuro.

Por causa de um desconforto que sentia no rosto que provocava ardor, comichões e vermelhão e depois de experimentar cremes cheios de promessas, procurei um dermatologista que me desse alguma confiança. O diagnóstico para o meu pequeno problema foi o que eu já calculava, sem surpresas - rosácea. Uma chatice inicialmente, mas se fizer tudo direitinho, as crises podem ser espaçadas ou nem mesmo voltar a ter 😊.

Mas, numa boa consulta de dermatologia, o médico quer ver toda uma sinalética que temos no corpo, e ainda bem!

Falei num sinal da perna que fora em tempos uma pinta e que em poucos anos cresceu e ali ficou, era o sinal coração, como dizia a minha filha, pela sua forma. Tinha duas cores, e por ali estava, umas vezes pensava nele, outras...também, dava comichão, mas nem sempre pensamos com bom senso e achamos que está tudo bem. 

O médico examinou-o melhor - é para tirar já! Oi? Como assim já? Era suspeito aos olhos do médico...

Foi arrancado de mim o sinal coração. Mostraram o dito dentro de um copinho...sinal coração, sacana bem feiinho por dento, foi para análise! 

Veio o resultado em 15 dias - melanoma in situ. E foi aí que deixei de ouvir o médico. Pensava em tudo e em nada. Chorei baixinho e senti-me sozinha com a notícia. 
O Dr., sempre sensível, pousou a mão dele na minha e disse que é muito comum nesta idade, que tudo ficaria bem, mas que teria de fazer nova cirurgia para aumentar as margens de segurança e aguardar novo resultado da biópsia, tudo se resolveria. O sinal coração afinal fora traiçoeiro, ou eu fingia não ver...

Em 3 semanas recuperei da segunda cirurgia, a pinta deu lugar a uma cicatriz, a nova biópsia veio negativa e redobrados cuidados no verão, consultas de vigilância durante 5 anos, mas bem, que é o que importa.

Por isso, bem dita rosácea que foi uma querida e me mostrou o caminho e me ensinou a ouvir os 'sinais' do corpo.

E porque escrevo este episódio só hoje, quase um ano depois?
Iniciei o texto muitas vezes e depois apagava-o, não sei porquê...não queria que o lessem para sentirem pena, possivelmente na altura era isso que iriam sentir, porque estive, em alguns momentos muito negativa. Agora sei que o deveria ter feito, por mim, mas também por alguém que me possa ler e reflita que está na altura de visitar um médico.

Eu ainda fui a tempo, tudo se conjugou para que assim fosse. Não se distraiam de vocês e ouçam os sinais.