quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O sinal coração

Três meses depois do início do ano de 2017, recebi uma notícia que me deixou apavorada.
Há situações menos agradáveis que são a nossa salvação no futuro.

Por causa de um desconforto que sentia no rosto que provocava ardor, comichões e vermelhão e depois de experimentar cremes cheios de promessas, procurei um dermatologista que me desse alguma confiança. O diagnóstico para o meu pequeno problema foi o que eu já calculava, sem surpresas - rosácea. Uma chatice inicialmente, mas se fizer tudo direitinho, as crises podem ser espaçadas ou nem mesmo voltar a ter 😊.

Mas, numa boa consulta de dermatologia, o médico quer ver toda uma sinalética que temos no corpo, e ainda bem!

Falei num sinal da perna que fora em tempos uma pinta e que em poucos anos cresceu e ali ficou, era o sinal coração, como dizia a minha filha, pela sua forma. Tinha duas cores, e por ali estava, umas vezes pensava nele, outras...também, dava comichão, mas nem sempre pensamos com bom senso e achamos que está tudo bem. 

O médico examinou-o melhor - é para tirar já! Oi? Como assim já? Era suspeito aos olhos do médico...

Foi arrancado de mim o sinal coração. Mostraram o dito dentro de um copinho...sinal coração, sacana bem feiinho por dento, foi para análise! 

Veio o resultado em 15 dias - melanoma in situ. E foi aí que deixei de ouvir o médico. Pensava em tudo e em nada. Chorei baixinho e senti-me sozinha com a notícia. 
O Dr., sempre sensível, pousou a mão dele na minha e disse que é muito comum nesta idade, que tudo ficaria bem, mas que teria de fazer nova cirurgia para aumentar as margens de segurança e aguardar novo resultado da biópsia, tudo se resolveria. O sinal coração afinal fora traiçoeiro, ou eu fingia não ver...

Em 3 semanas recuperei da segunda cirurgia, a pinta deu lugar a uma cicatriz, a nova biópsia veio negativa e redobrados cuidados no verão, consultas de vigilância durante 5 anos, mas bem, que é o que importa.

Por isso, bem dita rosácea que foi uma querida e me mostrou o caminho e me ensinou a ouvir os 'sinais' do corpo.

E porque escrevo este episódio só hoje, quase um ano depois?
Iniciei o texto muitas vezes e depois apagava-o, não sei porquê...não queria que o lessem para sentirem pena, possivelmente na altura era isso que iriam sentir, porque estive, em alguns momentos muito negativa. Agora sei que o deveria ter feito, por mim, mas também por alguém que me possa ler e reflita que está na altura de visitar um médico.

Eu ainda fui a tempo, tudo se conjugou para que assim fosse. Não se distraiam de vocês e ouçam os sinais.


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