terça-feira, 27 de outubro de 2015

O meu amor rendido a ti

Não quero ocupar todo o espaço do teu coração, nem todos os recantos dos teus pensamentos.
Não tenciono que me tragas sempre como exemplo, pois estou longe de o ser, para ti e para outros. 
Não almejo que te lembres, em todos os minutos, de mim.

Tens as asas para voar, a força para voos altos e a coragem para saber que nessa liberdade de voar pelo mundo, existem tormentos, ventos que sopram contra os sonhos, a favor de tudo do qual tento proteger-te e alertar-te.

Leva-me sempre no coração, sim, mas sem peso, sem que, o que quer que faças dos teus dias, seja para agradar, quer a mim, quer a outros. Dá o teu melhor, sim, mas por ti. 

Traz-me sempre na tua memória, sem que o percebas sequer...quero estar lá, subtilmente, de forma que procures a minha existência, como a amiga que sempre serei para ti.
Quero estar lá, mas sem que te pese. Quero estar lá, mas de uma forma leve.

Procura-me na tua vida, na nossa, não apenas para te dar tudo o que queres, mas, simplesmente, para me pedires colo, e eu mesmo velhinha, suportarei eternamente, o peso da tua dor nas minhas pernas e os meus braços serão o calor dos dias mais tristes e aí, aí terei de aprender a esperar, até que tenhas nos teus lábios as palavras que te apertam e que consegues soltar para mim.

Recorda-me. Eu estou aqui, de braços abertos.
Vês-me assim? 

Sabes que não amei ninguém como te amo a ti ou tenciono alguma vez amar?
É assim o amor da tua mãe. 
É puro, genuíno. rendido, sem esperar troca.
Esperar apenas a lembrança de que está ali, só para ti, é teu.






Sem título


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sou saudade

Recordo o teu ar sério quando olhavas os netos e pensavas no futuro.
Recordo o teu sorriso, a tua alegria e o teu coração cheio quando olhavas para a minha menina.
Recordo como ficavas orgulhoso por ela ter herdado de ti o jeito para o desenho.

Lembro o dia em que me despedi sabendo que era o momento.
Lembro o teu esforço enorme para aceitares as colheres de sopa que eu te dei naquela noite, a última juntos.

Hoje seria o teu aniversário. 
Corrijo, hoje é o teu aniversário!

Um abraço. Um abraço que colocasse no sítio os bocadinhos que se soltaram na tua partida. 
Um abraço: é um abraço destes que me falta. O teu.

Tenho o coração cheio de saudades tuas, tantas que não cabem.
Sou saudade.




sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Por vocês...

Acordo e sinto-me exausta.
Pergunto ao cérebro porque raios tem de pensar tanto durante a noite. Porque razão não dá descanso ao coração.

Acordo e todos os pensamentos e dores estão bem acordados, desde o dia anterior.
Molho a cara, inspiro o novo dia, abro as janelas e deixo entrar o nascer do sol. Tão bom.

Sinto que tenho de parar, mas não sei.
Sinto que tenho de aliviar o coração, mas não sei.
Sinto que a energia falta, mas vou busca-la a vocês, vocês que fazem da casa um lar.

Ando assim, meio perdida nas rotinas, meio encontrada nelas. A correr, em maratona.
A gestão de todas as alegrias, medos e dores da casa é minha, porque sim, porque não sei ser de outra forma.
O melhor de mim é vosso, o pior, eu guardo para em outro dia me recordar que existiu e passou. 

Não me queixo, gostava apenas que não me faltassem as forças agora e nunca. 
Nunca desistir.
Será pedir muito?
A força vem de ti e de ti, principalmente.

Engulo todas as dores vossas e esqueço as minhas, só para que possa, a cada manhã, ver-vos sorrir quando abrirem os olhos...


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Eu sei

Tu sabes que eu sei sobre os teus medos, os teus sonhos, os teus segredos.
Alguns, pelo menos.
Outros não deixas, ou para provares que és capaz ou por medo que te julgue.
Porém, contínuo com a teimosa tentação de te questionar sobre eles.

Eu sei que tu sabes que eu sei mais do que às vezes te interrogo.
Muitas vezes já conheço a resposta. Brotaste de mim.

Cresces e tentas mostrar-me isso mesmo, a todo o custo.
Resta saber se, nesse teu percurso em que aprendes a ser adulta (porque ainda te falta muito para o seres realmente), contínuas a adorar os meus abraços, se também eles acalmam o teu mundo, agora que tens mais dois braços que o fazem, certamente.

Tu sabes, mas eu não sei se os meus beijinhos ainda são imprescindíveis para adormeceres, se o meu colo contínua a ser o teu porto de abrigo, o colo protector.

O meu amor por ti é perfeito, com todas as imperfeições necessárias e que fazem o que somos.

Eu não sei se tu sabes, mas sou para ti a água, o sol, as estrelas, as estações, as dores, as alegrias e tudo o que te liga à vida. 
Sou o abraço, sou o beijinho na ferida, sou o socorro.
Sou a bengala dos teus sonhos, sou o entendimento quando sentes a injustiça, sou o ombro sempre disponível, sou o sorriso do teu sorriso, sou a ouvinte da tua voz, e mesmo que não fales, eu escuto... 

Tu sabes que eu sei que tu sabes tudo isto, mesmo que teimes em mostrar que és grande em tamanho, embora para mim, sejas sempre a minha menina pequenina.

Tu sabes?
Eu sei.


Capazes!

Há dias nublados.
A vista anda turva, os olhos não vêem, a cérebro desliga, o coração mirra.
Há dias assim, tristes.

Achamos que estamos sozinhos no mundo, somos incompreendidos, ou é a nossa dor.  
O caminho parece cheio de pedras. 

É urgente despir a pele de vítima e assumir a personagem que somos na vida real. Imperfeitas, mas capazes.
Capazes de perdoar infinitamente.

Se é desgastante? Corrosivo?
Muito, mas lembram-se?
Somos capazes.

"Se lhe parece que alguém é culpado em relação a você, esqueça e perdoe. Não temos o direito de punir. E você vai compreender a felicidade de perdoar."
(Liev Tolstói, in Guerra e Paz)



sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Morreste alguma vez?

É isto.
Tão bom, tão direto e tão verdade.
Porque é possível apaixonarmos-nos todos os dias pela mesma pessoa.
Eu sei, acreditem!

"A vida vale pelos momentos em que foges dela. Pelos momentos em que consegues, durante alguns segundos ou alguns minutos ou algumas horas, evadir-te dela – para um limbo onde não estás morto mas onde não deixas de estar morto. Morto de prazer, morto de adrenalina, morto de medo, morto de ansiedade.
Morto de vida.
O melhor da vida são as mortes que ela te oferece.
Se não morreste nenhuma vez: então estás morto".
(in 'In sexus veritas'
de Pedro Chagas Freitas)