quinta-feira, 18 de junho de 2015

Um dia também tu serás mãe

Tens 14 e há mais de 18 anos que te amo.
Foste planeada e desejada tanta e tanto.

Era segredo, mas hoje o mundo sabe que és exatamente o que eu imaginava, ainda tu não existias. 

Eu achava que não, que ainda não te tinha dentro de mim, do útero pelo menos, porque no coração...aí sempre estiveste. 
O pai insistiu e lá fomos os dois fazer o teste. Lembro-me da farmácia, da cara da técnica, do que eu levava vestido e do turbilhão de sentimentos perante o resultado do teste.
De pegar no telefone e informar os teus avós que a família estava a crescer.
Foi esse o momento exato em que o centro do meu mundo se modificou. Passaste tu a ser esse centro.

Andava radiante e pensava que poderia proteger-te, pelo menos enquanto fosses só minha, dentro de mim, ali, só minha.
Um dia, em maio, não sei o que te deu, pregaste-me um susto, daqueles grandes, sabes? Corremos para o hospital eu só chorava, as lágrimas eram pesadas, tal como a dor que sentia ao pensar que te poderia perder assim, sem razão, sem te ver, sem te sentir, sem te amar no mundo exterior.

Tinha que me acalmar e esperar que aquelas gotas de sangue na roupa interior não fossem mais do que um sinal, um sinal do quanto seria importante proteger-te para todo o sempre. Obrigaste-me a ficar em casa quase 3 meses. Cuidei de ti dentro de mim e cada dia que passava era uma vitória nossa. 

Por isso, minha querida filha, lembra-te sempre que juntas somos mais fortes!

A barriga tornou-se num barrigão, tu tornaste-te tão irrequieta que por onde passava todos olhavam para ti, ainda camuflada pela minha pele, rebolavas-te no líquido que te rodeava, adoravas o mimo do pai todas as noites em que eu me deitava e descobria a barriga... mostravas um pé, uma mão...quase todas as noites marchavam magnuns! E eram tão bons estes pedacinhos de ti connosco... 

O médico que te tirava as fotografias enquanto não nasceste, elogiava-te.
Não sei se se tornou um dos milionários do euromilhões, mas a verdade é que acertou em tudo o que descrevia de ti. És linda, nunca duvides disso, nunca duvides do que podes, pois a tua primeira vitória foi muito antes de vires ao mundo. 

Ao teu sinal, contei 14 horas até nos conhecer-mos e ali soube o que é o amor maior.
Chorei antes, chorei durante e depois. Ainda choro, talvez porque não caiba em mim tamanho sentimento, é grande, imensurável e capaz, talvez o único capaz, de me fazer acreditar na felicidade.

Um dia também tu serás mãe. Um dia também tu conhecerás este puro amor e saberás que não há nada melhor no mundo, mesmo que em alguns momentos questiones se és bom exemplo para os teus filhos e se a educação que escolheste para eles é a mais correta.

Hoje não compreendes as angustias das quais padeço, desvalorizas as razões porque choro. Sou de amores grandes, não cabem em mim as alegrias e as menos alegrias que sinto. Apenas isso. Não sou perfeita, isso seria uma tremenda seca! Tento ser sempre um bocadinho melhor que ontem.

Mas uma coisa tu sabes: não há ninguém neste mundo que sinta por ti aquilo que tu me dás a sentir. 



quarta-feira, 17 de junho de 2015

Parabéns...

Hoje seria dia de festejar 90 e alguns, se não tivesses ido embora para um lugar que não vejo, mas que acredito que seja nele que sentes a plenitude da paz. Imagino-te com o teu amor de mão dada à tua, como já escrevi em outro dia...

Tenho de acreditar que estás muito feliz, porque apesar de não te vermos, consegues olhar-nos, agora de uma forma ainda mais clara, e ver as nossas qualidades e defeitos e tocar as nossas vidas através das lembranças que deixaste entre nós.
Nesse sítio onde agora vives, penso que também ficas triste e desiludida connosco, por nem sempre conseguirmos colocar o amor acima de todas as nossas vontades, tal como tu, tão bem, sempre fizeste.

Sinto-me envergonhada, porque não sou perfeita nem tenho o tamanho do teu amor, o tamanho da tua humildade e o tamanho da tua sensatez.
Envergonhada porque não tenho a força para garantir a união e evitar afastamentos entre os laços que tu tanto prezaste.

Hoje, se não tivesses ido embora, oferecer-te-ia um postal escrito por mim, e, em voz alta, poderia ler-te as palavras que banhariam os teus olhos verdes e azuis de lágrimas, porque sei que o farias, como eu também faço, e alimentariam o teu coração, desenhando na tua boca um sorriso, o mesmo que guardo na minha caixinha de memórias.

Hoje, passados 3 anos e mais um bocadinho, recordo de forma precisa como foi a nossa despedida. Eu sabia, tu sabias, era ali o momento.
A tua lucidez espantou-me.

Avó, acredita, tento fazer o que me pediste.
Daí, de onde hoje me lês, sabes o quanto é difícil, são algumas as tormentas e nem sempre tenho a tua força.

No dia em que partiste eu ainda não sabia.
A saudade foi ensinando e mostrando que afinal sou muito de ti...
Todos os dias te lembro e isso é a melhor das heranças!

E já agora, um xi-coração ao avô, também sou muito dele.



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ouves-me lá dentro?





A paz

Aqueles dias que nos inquietam, que enchem de barulho a nossa cabeça e nos aceleram o coração...a energia é escassa.
Apetece gritar até ficar sem voz. Correr para parte incerta.

Há dias assim, com mais baixos que altos, que desejamos que acabem rapidamente. Definitivamente!

Há dias em que, por mais que o sol brilhe lá fora, está escuro dentro de nós. Não conseguimos endireitar o nosso pensamento, alcançar a paz necessária. Ficamos sensíveis e qualquer alteração no tom de voz, fragiliza-nos. Parece infantil, mas não é.

Em dias assim, é preciso olhar de frente o que nos tortura e acabar de vez com a inquietação, porque quando parece que nada acontece, há sempre um milagre que não vemos...

Aquieto-me e confio.  
Há muito que aprendi a fé e é ela que me dá a força para vir à tona da água e respirar a calma, a paciência, o som do silencio, o sabor da felicidade, a essência da vida.
A paz.





terça-feira, 9 de junho de 2015

O encanto do teu canto

Dizem por aí que, perante algo novo, a paixão é maior e muitas vezes confundida com o verdadeiro amor, e que, à medida que o tempo passa, a paixão mirra e acaba por desaparecer também aquele calor que nos move.

Na tua companhia sempre houve cantorias, pouco desafinadas...e por mais que te disséssemos - canta mais baixo, cala-te um bocadinho - tu não ouvias. Não ouves hoje e acho que jamais ouvirás. Estás absorvida naquele momento...

Coração de mãe pode não saber tudo, mas eu sempre soube da tua paixão.
Aquela paixão que não mirra e que quer sempre mais e mais alimento.

Primeiro vieram as aulas de guitarra, mas não te sentias plena e verdadeiramente viva com isso...sempre a cantarolar aqui e ali...

Depois vieram as aulas de piano e, quase que de seguida, o canto. Veio a Diana que te admira enquanto tua professora e admira a tua capacidade. Acho até que, tal como tu és sua fã, também ela é tua!

Dizes que te sentes maravilhosamente bem quando tocas e cantas, que te dá paz de espírito...que te acalma.
Acredito em tudo, meu amor. Consigo ver nos teus olhos o quanto a música te completa.
E é tão bom ouvir-te, querer mais, buscar novos acordes, novas melodias...

Quando estás, a nossa casa é música. Quando não estás, a nossa casa é silêncio, acho até que as paredes do teu quarto suplicam pela tua voz.

Ninguém me canta e encanta como tu.



 Estes vídeos foram pedidos com muita insistência minha ... há-os bem melhores e completos, se conseguir convence-la, preparem os ouvidos e alinhem o coração na melodia.

O meu pedacinho de céu

É também no teu sorriso que vou buscar a minha paz. Amo-o com o meu coração todo!

Lembro-me tudo de ti, e por isso sei o momento exato do teu primeiro sorriso. Era ainda desdentado, mas aberto, genuíno e muito feliz. Capturei-o para sempre, consigo vê-lo agora! A sério!

Continuas com o dom de sorrir assim e os teus olhos acompanham este rasgar de lábios.
A forma como sorris é só tua, única e que consigo distinguir de todas as outras.

Ele (o sorriso) é enorme, gigante, preparado para abraçar a vida e conquistar o mundo.
Nele cabem todos os teus sonhos, todas as tuas alegrias, todas as tuas palavras, perguntas e respostas.
Lá também já coube o aparelho que não roubou a covinha que tens quando dás o teu sorriso ao mundo.

Todos dizem que temos o sorriso igual.
E é tão bom saber que tens bocadinhos de mim.

Mas sabes? O meu sorriso é igualmente grande, mas, por vezes, fica envelhecido e mais parece desdentado tal como o teu primeiro...aquelas páginas da vida que queremos tirar e destruir do livro da nossa existência e que não sabemos como, continuam lá agarradas, amarrotadas e velhas.

Não sei se conseguirei sempre que o teu livro não tenha vincos que nada acrescentam. Não sei sequer se poderei arrancar essas páginas por ti, sem que as vejas e sintas...

Por agora, olhar o teu sorriso é o meu pedacinho do céu. É sinónimo de felicidade, transparece o tamanho dos teus sonhos.
Por agora, isso basta-me. 



segunda-feira, 1 de junho de 2015