Tenho de acreditar que estás muito feliz, porque apesar de não te vermos, consegues olhar-nos, agora de uma forma ainda mais clara, e ver as nossas qualidades e defeitos e tocar as nossas vidas através das lembranças que deixaste entre nós.
Nesse sítio onde agora vives, penso que também ficas triste e desiludida connosco, por nem sempre conseguirmos colocar o amor acima de todas as nossas vontades, tal como tu, tão bem, sempre fizeste.
Sinto-me envergonhada, porque não sou perfeita nem tenho o tamanho do teu amor, o tamanho da tua humildade e o tamanho da tua sensatez.
Envergonhada porque não tenho a força para garantir a união e evitar afastamentos entre os laços que tu tanto prezaste.
Hoje, se não tivesses ido embora, oferecer-te-ia um postal escrito por mim, e, em voz alta, poderia ler-te as palavras que banhariam os teus olhos verdes e azuis de lágrimas, porque sei que o farias, como eu também faço, e alimentariam o teu coração, desenhando na tua boca um sorriso, o mesmo que guardo na minha caixinha de memórias.
Hoje, passados 3 anos e mais um bocadinho, recordo de forma precisa como foi a nossa despedida. Eu sabia, tu sabias, era ali o momento.
A tua lucidez espantou-me.
Avó, acredita, tento fazer o que me pediste.
Daí, de onde hoje me lês, sabes o quanto é difícil, são algumas as tormentas e nem sempre tenho a tua força.
No dia em que partiste eu ainda não sabia.
A saudade foi ensinando e mostrando que afinal sou muito de ti...
Todos os dias te lembro e isso é a melhor das heranças!
E já agora, um xi-coração ao avô, também sou muito dele.
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