quinta-feira, 19 de outubro de 2017

SOS - SÓS

Sem chão, sem teto, sem trabalho, sem sustento, sem mães, pais, filhos, amigos, sem família...sem a vida a que estavam acostumados...sem reação. 
À espera, massacrados, com traumas infinitos na finitude que é a vida.

São sobreviventes. São um banho de humildade, que tudo perderam e que ainda assim, arregaçam as mangas, por eles e por todos os que ainda não conseguem reagir. 

Gentes sem fortunas e cujas feridas são bem mais profundas que aquelas que os olhos conseguem alcançar. Não há palavras nem desculpas que, nesta desordem, em que tudo virou preto, apazigúem os corações destes sobreviventes.

O fogo transformou os dias em noite e as noites em dia.

Os dias vão passando, o céu vai descobrindo-se outra vez, sem fumaça, sem cheiro.

E agora que é permitido olhar a noite de forma limpa, com a alma doída, uma coisa é certa, são muitas as estrelinhas que o céu recebeu após este terrorismo que é o abandono de um povo entregue somente a si mesmo, numa luta inglória, desamparados, sós...