Dói-me muito a alma, sobretudo o coração que vive minguado
por tudo o que os meus olhos lhe transmitem.
Tenho o meu país a arder, parece um canto no mundo entregue
a si mesmo e resignado ao seu destino. Entra-me pela casa adentro as lágrimas,
o sofrimento e a angústia pelo desconhecido, do que pode ainda fica pior…
Dói-me de uma forma que me corrói, que me faz perguntar
tantas e tantas vezes porquê.
O desespero sem descrição possível, a perda do ninho, da
família, ver paredes que guardam histórias morrerem nas chamas, ver morrer uma
casa, um quintal, ver morrer Portugal, devagar, em tormento!
Os homens e mulheres de força tamanha que protegem a terra e
as vidas numa luta inglória…
Impossível imaginar a mágoa, o desgosto. Ver os velhos sentados,
apoiados na bengala, resignados e completamente destruídos por dentro e por
fora…de repente o sumiço da única vida que conhecem, ou conheciam. O medo da
privação maior ainda. Corações devastados.
O país vai erguer-se, eu sei que sim, tal como fez em outros
momentos, mas os rasgos que deixa em nós são irreparáveis e não é fobia ou
amedrontamento.
Os rasgos que ficam em nós, naqueles que lhes morreram o berço,
o refúgio, o seu porto de abrigo, que ficaram sem chão, são impossíveis de sarar. Quem perdeu tudo dificilmente voltará a
saborear a leveza da paz que um campo verde, são e vivo pode transmitir. O
remanso dos campos, a quietude da floresta, o perfume que emana das árvores.
São muitos os dias em que se olha o céu, em silêncios que tudo
dizem, e tudo o que se vê é uma faixa de luto. Morreu-lhes a terra, morre-nos
Portugal.
Passar nos montes, recordar o verde, os pastos, os animais livres.
Neste lugar tudo o que vejo é negro, triste…tudo o que consigo fazer é olhar e
ficar em silêncio, tudo o que consigo sentir é dor…
Por favor, chega!!!
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