sexta-feira, 17 de julho de 2015

O teu barquinho no meu porto

Tu, sim tu, que me lês ora sempre, ora nunca.
Tu, sim tu, que me ouves de vez enquanto.
Tu, sim tu, que te trago sempre em mim...de quem dependo para ser feliz.

Quando tiveres a minha idade, quando fores mãe, quando fores a filha que sentirá saudades dos dias em que vivia debaixo do mesmo tecto que os pais...

Quando te sentires limitada na concretização dos teus sonhos e te apetecer gritar, só porque sim...e ainda assim, avançar, sem desistir...
Quando, em algum momento te achares realmente uma super mulher, acredita que o és realmente e não deixes que ninguém te faça duvidar de tamanho feito.

Quando olhares os teus filhos, enche-te de coragem para a vida, ainda mais coragem. A mesma que pensaste outrora não ter.
Perdoa-lhes se são bravos contigo, se não te dão os abraços que precisas, se têm palavras tortas para ti.
Se te magoam.
Perdoa-lhes. Mesmo que sangres por dentro. Mesmo que duvides de ti e do trabalho que fazes para lhes incutires os valores certos.  

Quando eles crescerem, virão as saudades e prepara-te, porque elas nunca acabam, serão sempre maiores e mais difíceis de sentir.
Vai haver momentos em que te sentirás sozinha, aí, podes sempre pedir-lhes guarida nos seus braços, entre os muitos beijinhos que ensinarás. 

Tu, sim tu...
Quando fores mãe, vais recordar o muito que te dou a sentir, vais entender porque dentro deste coração há muitas alegrias, orgulho, amor, os teus abraços e os beijinhos todos que te ensino, mas também a dor da saudade. Uma saudade comum a todas as mães.
Mas não te preocupes comigo agora, a sério!
Vais aprender a viver com isso, tal como eu aprendo em todas as horas.

Abraça apenas este sentimento que tenho por ti.
Absorve alguns dos meus conselhos e cresce. Cresce com a certeza de que um dia, no dia em que nasceres mãe, tudo mudará para sempre em ti, dentro de ti.

Por agora, tenta entender esta saudade, pousa no meu colo, no ventre que te deu a vida e gosta de mim, só um bocadinho do tamanho que eu gosto de ti, só um bocadinho porque o que eu gosto de ti não cabe em mim, não cabe no mundo, nem em nenhum peito.

Lembra-te sempre que este amor que trago no peito não sai nas radiografias e que por vezes pode ser um porto solitário, mas ainda assim aberto quando nele precisares de atracar para beberes de mim toda a força que necessitas.

Mas não te preocupes comigo agora, a sério!
Só peço que entres no teu barquinho mais vezes e visites este porto sempre aberto para atracares!
Quando viveres tempestades ou simplesmente para respirares a calma da minha maré.





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