Há um cantinho do mundo que me enche o coração, por saudade, por recordações, por nostalgia.
Hoje venho falar-vos
sobre o outro lado do mundo, onde fui muito feliz.
A vida, ou melhor, o
amor, levou-me a Macau, onde passei um ano da minha existência.
Podia dizer tanto sobre
esta experiência…mas isso seria quase uma dissertação.
Acabadinha de dar o nó e
de viagem marcada para daí a 15 dias, tudo parecia somente planos…planos que
levaram dois anos a projetar, tempo demais, mas que agora, por tão intensos que
foram, parecem simples.
Para muitos parecia um
capricho meu, para outros o impossível…e depois aqueles de quem me valeu o seu apoio.
Mas a verdade é que tive
a coragem de largar tudo aquilo a que estava habituada e sair da minha zona de
conforto.
Fui.
Fui para o desconhecido para
apoiar o marido que já conhecia aquela terra há sete anos. Aquela terra que era
a casa dele.
Família, amigos, casa,
uma vida deixada em standby, num país que era meu…foram deixados para trás com
a certeza porém, que um dia voltaria, um ano…uma viagem de 14 horas, em
tristeza pelo que deixava e em medo pelo desconhecido que me esperava.
Fui.
Fui sem pensar muito
que colocava a minha vida apenas nele. Amor é confiança, certo?
Não posso dizer que foi
fácil e ainda assim, em muito, foi o melhor ano!
Cresci, aprendi e enchi o
coração de pessoas que ainda hoje adoraria rever, sei que sim.
Trouxe uma gigante
bagagem emocional que ainda hoje visto.
O Oriente enche-nos a
alma pela diferença avassaladora de culturas e cheiros.
O povo comum é simples, e
de tão simples que é, ficaram-me na memória.
Sinto uma saudade
desesperante das ruas, dos jardins (lindos lindos), dos templos únicos, da
comida, dos cheiros, dos dias passados em casa forçados pelos tufões…saudades
do trabalho que ali encontrei ( o melhor que já tive), das conversas num
dialeto que aos poucos fui conhecendo, dos vícios típicos do povo, dos costumes
e da nossa casa…da vida...e são tantas as histórias que vivi na pele.
Como sinto essa saudade…dói
até.
Hoje não podia deixar de
escrever sobre a terra que me recebeu de braços abertos e me deu possibilidades
que eu nunca imaginei viver.
Hoje nessa terra é dia de
festa.
Kung Hei Fat Choi que é o
mesmo que dizer feliz ano novo chinês.
É dia de encher os
ouvidos com os sons desta festa, mesmo que os panchões sejam quase intoleráveis
e a mania de renovar a casa inteira seja incompreendida por mim, mas respeito
este misto de tradição e superstição que se repete a cada ano.
18 anos passaram. Sim, já
passaram 18 anos e esta terra contínua a encher-me o peito.
Um dia voltarei a ela,
sei que ainda está de braços abertos.
É gentil no trato, pelo
menos assim foi comigo.
Nela não me demorarei como da última vez, mas beberei cada momento de um trago só, de tanta sede que tenho dela!
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