quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

澳門 OU MUN


Há um cantinho do mundo que me enche o coração, por saudade, por recordações, por nostalgia.
Hoje venho falar-vos sobre o outro lado do mundo, onde fui muito feliz.

A vida, ou melhor, o amor, levou-me a Macau, onde passei um ano da minha existência.
Podia dizer tanto sobre esta experiência…mas isso seria quase uma dissertação.

Acabadinha de dar o nó e de viagem marcada para daí a 15 dias, tudo parecia somente planos…planos que levaram dois anos a projetar, tempo demais, mas que agora, por tão intensos que foram, parecem simples.
Para muitos parecia um capricho meu, para outros o impossível…e depois aqueles de quem me valeu o seu apoio.

Mas a verdade é que tive a coragem de largar tudo aquilo a que estava habituada e sair da minha zona de conforto.
Fui.
Fui para o desconhecido para apoiar o marido que já conhecia aquela terra há sete anos. Aquela terra que era a casa dele.
Família, amigos, casa, uma vida deixada em standby, num país que era meu…foram deixados para trás com a certeza porém, que um dia voltaria, um ano…uma viagem de 14 horas, em tristeza pelo que deixava e em medo pelo desconhecido que me esperava.
Fui.
Fui sem pensar muito que colocava a minha vida apenas nele. Amor é confiança, certo?

Não posso dizer que foi fácil e ainda assim, em muito, foi o melhor ano!
Cresci, aprendi e enchi o coração de pessoas que ainda hoje adoraria rever, sei que sim.
Trouxe uma gigante bagagem emocional que ainda hoje visto.

O Oriente enche-nos a alma pela diferença avassaladora de culturas e cheiros.
O povo comum é simples, e de tão simples que é, ficaram-me na memória.

Sinto uma saudade desesperante das ruas, dos jardins (lindos lindos), dos templos únicos, da comida, dos cheiros, dos dias passados em casa forçados pelos tufões…saudades do trabalho que ali encontrei ( o melhor que já tive), das conversas num dialeto que aos poucos fui conhecendo, dos vícios típicos do povo, dos costumes e da nossa casa…da vida...e são tantas as histórias que vivi na pele.
Como sinto essa saudade…dói até.

Hoje não podia deixar de escrever sobre a terra que me recebeu de braços abertos e me deu possibilidades que eu nunca imaginei viver.
Hoje nessa terra é dia de festa.

Kung Hei Fat Choi que é o mesmo que dizer feliz ano novo chinês.
É dia de encher os ouvidos com os sons desta festa, mesmo que os panchões sejam quase intoleráveis e a mania de renovar a casa inteira seja incompreendida por mim, mas respeito este misto de tradição e superstição que se repete a cada ano.

18 anos passaram. Sim, já passaram 18 anos e esta terra contínua a encher-me o peito.

Um dia voltarei a ela, sei que ainda está de braços abertos.
É gentil no trato, pelo menos assim foi comigo.

Nela não me demorarei como da última vez, mas beberei cada momento de um trago só, de tanta sede que tenho dela!


 






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