sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Aprender a ser mãe...ainda

Tenho saudades tuas.
Tenho saudades do meu colo, disponível para ti.
Ele ainda aqui está, sabes?

Tenho saudades do teu ciúme infantil e tão doce.
Sinto a tua falta, muitas vezes, na madrugada dos dias, aqueles dias em que te aninhavas entre nós.

Sinto falta de passearmos juntas, de mãos dadas.
De te adormecer nos meus braços. De te embalar no choro.
De te ir buscar ao colégio e ver a tua alegria pelo nosso regresso.
Saudades de quando nos bolsos do bibe, guardavas pedrinhas que recolhias para nos ofereceres...todos os dias!

Tenho saudades do tempo em que acreditavas em contos de fadas.
Dos dias em que cantávamos e dançávamos juntas, com os teus pés por cima dos meus.
Ainda te lembras?
Sinto a tua falta em cada fracção de tempo.

Estás, mas não estás...eu sei, são muitas as descobertas que hoje exploras. A urgência de tudo.
Tenho saudades da tua simplicidade e inocência, que ainda tens, mas que teimas em esconder.
Tenho saudades de quando não escondias os teus sentimentos.
Tens os sentidos apurados, muito até, e lamento que os prendas tantas vezes, sem que eu os consiga libertar.

Dizes que te quero controlar, e como te enganas.
Aquilo a que chamas controlo, não é mais do que a minha tentativa de te aliviar,
Aliviar de uma qualquer angústia que o teu peito ainda não sentiu.

Dizem que não te posso proteger sempre.
Eu protejo como sei, desta forma que não se esgota.
Com amor, a tua fonte que não seca.

Tenho saudades dos teus abraços dados só porque sim.
Sim, não revires os olhos, continuas a dar-me os teus abraços, mas já não parecem os mesmos abraços, entendes?

Mas nisto do crescer também tem muitas coisas espetaculares.
Somos parceiras em muito. Usas o meu guarda-roupa como teu.
Fazes o risquinho nos olhos como eu nunca consegui fazer.
Defines o teu caminho e não te desvias dele. És a maior das teimosas!
Crescer deu-te um certo direito de dizeres palavras, nem sempre dóceis, tal como te deu obrigações que nem sempre te lembras... 
E...não aguentas estar muito tempo aborrecida comigo...como eu não consigo contigo.

Procuras-me na tua saudade de mim. Eu, eu tenho sempre saudades de ti!

Ouço o bater do teu coração. É o compasso do meu dia.
Leio os teus olhos como só eu sei. 
Sinto a tua revolta, na minha revolta,
A tua felicidade, na minha alegria.

Tenho saudades da menina que do meu ventre nasceu e que protegi como pude, durante quase 10 meses!
Olho muitas vezes o bebé que foste, a criança feliz que eras e a mulher que agora começas a ser.
Digo-te que estás diferente. Negas.

Ver-te crescer é tão bom.
Ver-te crescer, tira pedaços de mim, mas logo de seguida os devolve.
Afinal, minha filha, estou aqui para ti, sempre inteira, para levares os bocados que precisares.

Ver-te crescer não é perder-te, eu sei.
Mas dói.
E é assim que me torno mãe.




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