Hoje, há 70 anos atrás, nascia o meu herói.
Não, nem sempre o vi assim.
Foram precisos alguns aninhos para te ver a ti, pai, como um herói.
Foi preciso crescer para perceber como é grande o meu amor por ti.
Hoje, mais do que nunca, admiro a tua calma, a tua passividade perante tudo o que não nos acrescenta.
Gostava de ter um bocadinho da tua perspicácia e destreza...
Cada ruga do teu rosto, cada fio de cabelo branco que te foi dado, ao longo destes 70 anos, são o que és hoje: uma pessoa grande, que me ensinou muito e ainda ensina, sempre de braços abertos para me acolher, para nos acolheres, mesmo que nem sempre concordes com o que me faz mover ou recuar.
Perdoa-me pelas desilusões, pelas palavras tortas, pelo aperto no teu peito.
Eu sei que pensas muito, demais até...por momentos falta-te o otimismo, mas o número 70 na idade de uma pessoa dá espaço a isso, dá espaço ao tempo devagar.
Gosto de te ver sorrir, de te ver de coração cheio, de te encher de orgulho e de te descansar o peito das preocupações abusadas. Gosto das refeições cuidadas por ti.
Admiro-te por isto e por tanto mais...admiro-te a ti e ao amor que escolheste e que é a minha mãe.
Admiro a luta, a vossa por mim, por nós.
Não sei se um dia vais ler o que para aqui escrevo. Não sei se irás entender as razões que me levam a ter o estaminé, onde descarrego as palavras do coração...mas sei que herdei de ti o gostinho pelas palavras, pelos livros e pelo sonho.
Obrigada paizinho. Adoro-te muito!
Tanto, tanto...
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