Se há coisa que gosto
muito, é ter tempo para praticar um desporto.
Tirando a fase da
gravidez (ginástica de preparação para o parto conta?), sempre tentei manter na
agenda tempo para a prática de um desporto qualquer, porque é bom para a saúde,
mas também porque faz maravilhas ao espírito.
Uma simples caminhada, às
vezes basta. Sim, porque correr está acima dos meus limites. A cabeça parece
que vai explodir, o sangue acorre à 1.º camada da pele e ali fico, que nem um
tomate maduro e os bafos de fora.
Desde ginásio até à
natação, fixei-me há algum tempo na hidroginástica. As cruzes agradecem e até o
cansaço mental desaparece e aquele banhinho quente no final é do melhor.
Mas depois há o outro
lado que dispensava ou se calhar não….
As senhoras de uma certa
idade e o exagero no à-vontade…umas vezes sorrio, um rir envergonhado, outras fico
a pensar que a vida deveria ter controlo remoto.
Num destes dias foi
assim: eu concentrada em mim, depois do esforço árduo, mas saboroso que foi a
aula de 2.ª feira, e ao fundo do balneário, a cavaqueira do costume entre as
senhoras que já não cabem nos sessentas…admiro a força de vontade delas e
pergunto-me se também a terei na altura em que cabo nos setentas.
Uma dizia que tinha
comprado aquele soutien e que era o soutien sensação, confortável e que lhe
apanhava as banhas dos lados (não perguntem). Eu não me contive, esta minha
curiosidade dá cabo de mim.
Olhei e ia tendo um ataque. Que era aquilo? Parecia
uma manta de retalhos, daquelas em tons de outono, mas gostos não se discutem, certo?
Se a senhora gosta e se sente apoiada, aquele pedaço de tecido é certamente o
seu melhor amigo no momento.
Conversa para aqui,
conversa para ali, a sauna típica dos balneários começa a fazer-se sentir, e a
conversa começa igualmente a aquecer…risinhos, olhares cúmplices e eu a
assistir ao filme já a medo com o que poderia vir dali. E veio mesmo!
Alguém lança o SOS para
puxar a cuequinha para cima. What??? I’m not listening… I’m not
listening…esquece, já ouviste!
A outra, solícita na
resposta ao SOS, lá lhe aconchega a cuequita (daquelas que são tamanho S e o
corpinho que veste precisa de um XXL) e pergunta: Atão, como fazes lá em casa?
Resposta na hora: O mê home ajuda, mas já lhe disse que antes não era
assim…maldito sr. viagra que não rende, mesmo assim, ele basta-me!
E pronto, é isto.
Amar é bonito, saber
envelhecer também, mas o tempo também deveria trazer sabedoria suficiente para
aprender o poder do silêncio.
Ser-se um bocadinho menos
desbocada.
Nesse final de dia
aprendi que a vida não tem, de todo, controlo remoto e que a idade sequestra
sonhos, mas só se deixarmos.
Saber ser feliz em cada
momento sem embolar sentimentos e colorir os dias como conseguimos.
E o mais importante,
saber deixar pegadas de amor no coração das pessoas.
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