segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O outro lado do desporto

Se há coisa que gosto muito, é ter tempo para praticar um desporto.

Tirando a fase da gravidez (ginástica de preparação para o parto conta?), sempre tentei manter na agenda tempo para a prática de um desporto qualquer, porque é bom para a saúde, mas também porque faz maravilhas ao espírito.

Uma simples caminhada, às vezes basta. Sim, porque correr está acima dos meus limites. A cabeça parece que vai explodir, o sangue acorre à 1.º camada da pele e ali fico, que nem um tomate maduro e os bafos de fora.
Desde ginásio até à natação, fixei-me há algum tempo na hidroginástica. As cruzes agradecem e até o cansaço mental desaparece e aquele banhinho quente no final é do melhor.

Mas depois há o outro lado que dispensava ou se calhar não….
As senhoras de uma certa idade e o exagero no à-vontade…umas vezes sorrio, um rir envergonhado, outras fico a pensar que a vida deveria ter controlo remoto.

Num destes dias foi assim: eu concentrada em mim, depois do esforço árduo, mas saboroso que foi a aula de 2.ª feira, e ao fundo do balneário, a cavaqueira do costume entre as senhoras que já não cabem nos sessentas…admiro a força de vontade delas e pergunto-me se também a terei na altura em que cabo nos setentas.

Uma dizia que tinha comprado aquele soutien e que era o soutien sensação, confortável e que lhe apanhava as banhas dos lados (não perguntem). Eu não me contive, esta minha curiosidade dá cabo de mim.
Olhei e ia tendo um ataque. Que era aquilo? Parecia uma manta de retalhos, daquelas em tons de outono, mas gostos não se discutem, certo? Se a senhora gosta e se sente apoiada, aquele pedaço de tecido é certamente o seu melhor amigo no momento.

Conversa para aqui, conversa para ali, a sauna típica dos balneários começa a fazer-se sentir, e a conversa começa igualmente a aquecer…risinhos, olhares cúmplices e eu a assistir ao filme já a medo com o que poderia vir dali. E veio mesmo!

Alguém lança o SOS para puxar a cuequinha para cima. What??? I’m not listening… I’m not listening…esquece, já ouviste!
A outra, solícita na resposta ao SOS, lá lhe aconchega a cuequita (daquelas que são tamanho S e o corpinho que veste precisa de um XXL) e pergunta: Atão, como fazes lá em casa?
Resposta na hora: O mê home ajuda, mas já lhe disse que antes não era assim…maldito sr. viagra que não rende, mesmo assim, ele basta-me!

E pronto, é isto.
Amar é bonito, saber envelhecer também, mas o tempo também deveria trazer sabedoria suficiente para aprender o poder do silêncio.
Ser-se um bocadinho menos desbocada.

Nesse final de dia aprendi que a vida não tem, de todo, controlo remoto e que a idade sequestra sonhos, mas só se deixarmos.
Saber ser feliz em cada momento sem embolar sentimentos e colorir os dias como conseguimos.


E o mais importante, saber deixar pegadas de amor no coração das pessoas.





Sem comentários:

Enviar um comentário