terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O coração sabe nada...

Temos dias em que tudo parece desmoronar.
Depois chegam outros que nos apaziguam e é nesses dias que vamos beber na fonte da coragem. Nos tempos em que nos apetece ficar quietos. Nos tempos em que quase desistimos. Nos tempos em que nos perguntamos os porquês do que jamais tem resposta, nestes tempos somos frágeis, sentimos a solidão estando acompanhados, desejamos acordar deste sono profundo que nos destrói e consome por dentro.
Buscamos o sentido das coisas, o motor, a alavanca que nos erga novamente. Uma e outra vez…

Atravessar certos caminhos é duro e tão longo. Fazemos cara feia e embaralhamo-nos nos sentimentos. Olhamos o percurso a fazer, temos medo e quase sufocamos, quase enlouquecemos.
Sabemos o possível e ainda assim parece-nos impossível. É-nos exigido a força que nem sabíamos ter. Damos a força que temos e a que não temos, achamos que não e depois que sim, que afinal é possível.

Os tempos exigem demais de nós, testam os nossos limites até à exaustão. Ou somos nós que fazemos estes tempos e nos tornamos assim, insatisfeitos e indisponíveis para o que realmente é verdadeiro e valioso?
Somos o que somos. Vivemos os dias sem sentir, sem respirar o sentido da vida.

E eu, eu que sou tão coração, que sou tão afetos, ando triste. Talvez seja o Natal. Talvez sejam os dias cinzentos. Talvez seja o mundo. Ou talvez seja apenas eu que estou errada por achar que estou certa…

Nos tempos em que se fazem amigos virtuais, esquecemos outros que de tão perto que estão, se tornam apenas conhecidos.
Nos tempos em que se usam stickers em conversas e se poupam as palavras, nos tempos em que as demonstrações de afetos são escassos. Nos tempos em que se pensa pouco com o coração e esquecemos que o amor é plural…
Nos tempos assim, as armas somos nós e por isso a guerra está perdida. Não há vencedores, só lamentos tardios que nada podem.

Mas como sou teimosa, por aqui tenta-se, sempre, ontem, hoje e nos amanhãs que estão por chegar.
Só assim consigo não me perder de mim. Só assim sei entrar no coração e aí descansar por alguns momentos. Procurar a paz que preciso ter e que o mundo me tira. 


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