Tantas vezes andamos ao sabor dos dias, à velocidade da vontade do
vento, andamos, andamos simplesmente e não saímos do mesmo lugar…
Tantas vezes tentamos arranjar o motivo que nos faça avançar,
procuramos mais dentro de nós, nos outros, na vida.
Tantas vezes mergulhamos nos abismos e julgamos nunca mais emergir
deles.
E no entanto, o fôlego chega-nos sempre, vai chegando…afinal há
sempre alguém que de nós precisa. Felizmente, há sempre alguém.
É desconcertante como tão grandes tristezas cabem no nosso peito.
Acho que se morre muito.
Depois, ai depois… ainda bem que há os day after em que a
esperança é a nossa bóia de salvamento.
Dias em que a fé é superior aos medos.
Dias em que a nossa bola de oxigénio está carregadinha de energia.
Todos nós temos aquele instante mágico e é lá que temos de nos
manter, tentar pelo menos.
O mundo nem sempre interfere no equilíbrio frágil das nossas vidas.
É o corpo que traz a música que é preciso para seguir em frente.
Há um provérbio mexicano que diz: por mais que nos tentem
enterrar, esquecem-se que somos semente (crescemos), e é tão verdade!
Há dias que levamos connosco até ao fim. Acontecimentos que
marcam, pessoas impossíveis de esquecer, pedacinhos só nossos.
Há dias em que desejamos que o tempo pare, de tão bons que são, e
não digam que destes dias temos pouco, porque não acredito!
Há dias em que temos de ser o rochedo que resiste a todas as
tempestades, em que temos de lutar teimosamente contra as nossas inseguranças.
E todos os dias esperar o inesperado, dar à vida a coragem e a
ousadia que é necessária. Dar uma hipótese à mudança, que grita para se fazer
notar e que tanto ansiamos, ou duas se for preciso.
Não esquecer de alimentar as relações, caso contrário, nada retorna. E de que servirão
os dias se não houver retorno?
Há dias estimulantes e revigorantes, são esses que nos transmitem
a vitamina suficiente para olhar de frente os ventos que não sopram de feição.
Há dias assim, e são tão bons.
Porque a vida é demasiado ambulatória para se ficar quieta.
Porque as coisas mudam na lentidão rápida do tempo.
Porque as coisas mudam na lentidão rápida do tempo.
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