sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Do amor que damos, só o amor herdamos

O tempo aqui não é importante (até porque não se pergunta a uma senhora a sua idade).
Mas é nesse mesmo tempo que me sinto uma pessoa com muita sorte!
Não vou dizer que foi a vida que me proporcionou o que tenho hoje. A construção de nós próprios começa em casa, enquanto vivemos naquele ninho entre mãe e pai. A eles estarei eternamente grata.

Sim, sou uma pessoa com sorte!!! E é sobre este ninho que escrevo hoje.

É difícil encontrar as palavras certas, sente-se cá dentro, é só nosso, preenche-nos, completa-nos, dia após dia.
Este ninho é o meu colo, desde que me lembro que existo, Nele já chorei, já ri, já o rejeitei para me armar em corajosa e dona do meu nariz, mas a ele sempre retornei e continuo a retornar.

Neste ninho não ouço as palavras que quero ouvir, mas as que preciso ouvir, e quero tê-lo ali para sempre!

E como todos os ninhos, também este é meu o porto de abrigo.
Pode acontecer tudo e nada, mas sei que é lá que me esperam, por esse tudo e por esse nada, sempre.

Neste ninho em que me lamberam as feridas (e foram algumas), neste ninho em me ensinaram a ser a pessoa que sou hoje, sei que em algum momento(s) vos desiludi, porque nesta perfeição do vosso ninho, sou imperfeita.

Neste ninho tornei-me mulher, compassadamente. Aprendi (e ainda aprendo) a jornada da vida, na mão trago o mapa que me ensinaram a desenhar.

E de cada vez que me afasto, o meu mundo fica mais pequenino, porque privada deste amor, fico como que mutilada, privada de um dos meus sentidos.

Sou assim, porque de todo o amor que tenho, sinto dependência!

Deste ninho quero embalo a vida toda, ainda sou a vossa menina, esqueçam as rugas, as vossas e as minhas.
Já disse que sou uma pessoa com sorte?



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