sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Apresentamos o Coco!


O Coco é um menino grande, mas frágil que foi pedir socorro aos habitantes de uma aldeia, por altura do Natal.

O antigo dono foi deixa-lo perto da aldeia das Soalheiras, ou talvez mesmo dentro da aldeia, sem que o vissem faze-lo. Cobardia e muita falta de amor no coração. A bondade de um homem vê-se na forma como trata os animais…é o que dizem e o Coco acreditou, até ao dia em que foi deixado para trás, entregue à sua própria sorte. Não se sabe porquê ou quem sabe não quer dizer. Não importa a razão. Nenhuma é aceitável.

O Coco foi como que um presente de Natal para as Soalheiras, pelo menos para quem acreditou na sua recuperação.

O Coco estava fraco, sem água e sem alimento, não sabemos há quanto tempo. Sujo, com uma ferida feia do seu lado esquerdo. O Coco trazia uma corrente em volta do pescoço, demasiado pesada, sem que algum bom senso o justifique. Foi-lhe tirada, mas a marca ficará para sempre. Os passinhos que dá são sempre, sempre em direção a alguém. O Coco pede desesperadamente amor. O Coco é um cãozinho magoado.

Percebemos que o A e a L estavam a cuidar dele, mas daí a um dia iriam deixar a aldeia e o Coco ficaria desamparado, outra vez.

Resolvemos então cuidar dele, enquanto por ali estivemos. Nem podia ser de outra forma! Foram quatro dias a viver para a recuperação dele e voltaríamos a fazê-lo!

O Coco teve uma casinha só para ele que o protegeu das noites frias. Comia quatro vezes ao dia, alimento seco, mas também a carninha com arroz que ele começou a conseguir mastigar, depois de ganhar força suficiente para o fazer.

O Coco adora brócolos! Tem alguns dentes partidos. Não sabemos porquê…ou quem sabe não quer dizer…

A ferida foi limpa todos os dias, o Coco adora a água nem quente nem fria no corpo, agora mais forte…o Coco agradece fechando os olhos e respirando fundo…tal como agradece enquanto come, olhando nos nossos olhos e abanando a cauda.

Quatro dias tão intensos. Quatro dias em que o Coco se transformou.

O Coco já dá beijinhos nas mãos. Já arrisca subir e descer as ruas das Soalheiras. O Coco já se anima quando vê os outros cães vizinhos e reaprendeu a abanar a cauda, já bem enroladinha. O seu pelo ficou quase novo e recuperou a sua fala…

A despedida de 2018 e a entrada em 2019 foi comemorada com ele, todos em redor do madeiro que ardia.

O Coco dormia profundamente, aconchegado, descansado, quase feliz. Dizemos quase, porque ainda é incerto o seu futuro.

O Coco quer acreditar nos humanos. O Coco não é um menino que guarda rancor. É um menino com esperança.

Na aldeia não seria difícil o Coco transformar-se na mascote…entre a ajuda de todos tudo se tornaria fácil, mas o Coco não culpa ninguém. O Coco só quer ser feliz, com um dono ou muitos donos. Pede pouco e não insiste.

Esta troca de mimos, entre nós e o Coco durou quatro dias.

E quem pergunta porque o deixamos ali…já temos um canito, salvo de um canil, para abate. Também nós acreditamos…

O momento da despedida foi difícil. Deixamo-lo sem saber muito bem como seria o seu futuro.
Forçamo-nos a não voltar ao lugar onde ele ficou...

Um dos habitantes das Soalheiras ficou com ele até chegar a GNR e verificar as questões ligadas ao abandono do Coco. Quem ficou com ele naquela noite disse não o deixar ir se fosse para um canil…quer sim que um veterinário cuide da ferida, porque das outras, as internas, o Coco saberá faze-lo com a ajuda dos humanos.

O Coco é um menino grande, mas continua frágil.

Voltamos a Lisboa e esperamos receber boas notícias deste bebezola que tem tanto amor para dar.

O Coco chegou, pedindo socorro, pedindo conforto.

O Coco foi batizado pela D. E acreditem, em quatro dias começou a reconhecer o seu novo nome, se é que alguma vez o antigo dono lhe deu algum.

 O Coco é lindo e merece mimo e acreditem que ele sabe retribuir muitíssimo bem.

O Coco é emocionante, enternecedor.

O Coco deixou-nos em lágrimas e ainda deixa.

Não desistas Coco, por favor acredita.

Nós voltamos em breve para te devolver em mimos todo o amor que nos ofereceste.

Este é o coco, já com alguns dias de muito amor.



















1 comentário:

  1. Catarina Almeida Tomé9 de abril de 2019 às 23:12

    Nao tenho palavras ler tudo isto outra vez ainda me deixa com as lagrimas a escorrer pelo rosto...lindo

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